Os investigadores da Universidade de Surrey, no Reino Unido, descobriram uma nova técnica de eletrocardiograma (ECG) que pode detetar rapidamente uma condição difícil de diagnosticar em cavalos, a fibrilação atrial paroxística (PAF), que é também uma das principais causas de AVC nos seres humanos.
O estudo The complexity of clinically-normal sinus-rhythm ECGs is decreased in equine athletes with a diagnosis of paroxysmal atrial fibrillation, publicado na revista Nature, descreve a técnica que pode diagnosticar rapidamente a fibrilação atrial paroxística, que provoca batimentos cardíacos rápidos e erráticos.
A PAF, devido à sua natureza intermitente, é difícil de diagnosticar e pode ter impacto no desempenho de um cavalo de corrida, podendo em alguns casos ser fatal.
Nos humanos, o ritmo cardíaco anormal pode perturbar o fluxo sanguíneo, levando à formação de coágulos sanguíneos. Os coágulos podem bloquear os vasos sanguíneos noutras partes do corpo, incluindo o cérebro, resultando no declínio cognitivo e em acidentes vasculares cerebrais.
Kamalan Jeevaratnam e a sua equipa obtiveram registos de ECG de cavalos saudáveis e de outros diagnosticados com PAF. Os ECG sem outras perturbações elétricas foram convertidos usando uma gama de algoritmos de deteção.
Os investigadores constataram que os resultados dos ECG registados em repouso, e processados pelo novo método de deteção, eram significativamente diferentes entre cavalos com e sem PAF, o que permitiu a identificação de cavalos que sofriam da doença, com elevada precisão, a partir de ECG de ritmo sinusal.
De acordo com os investigadores, é fundamental que a PAF seja identificada em tempo útil para que o tratamento seja eficaz. O ritmo cardíaco normal poderia ser restaurado por estimulação elétrica ou por medicamentos antiarrítmicos. De acordo com o estudo, também os medicamentos anticoagulação podem prevenir a formação de coágulos sanguíneos, prevenindo acidentes vasculares cerebrais ou reduzindo muito as suas consequências.
“O aspeto fascinante deste estudo é que estamos a olhar para a arritmia que normalmente é provocada pela frequência cardíaca elevada, mas diagnosticamo-la olhando para gravações de frequência cardíaca baixa”, refere Jeevaratnam.
“Não há necessidade de exercitar o cavalo e a análise pode ser feita em minutos, utilizando computadores de baixa potência. Como médico, penso que essa análise facilitará muito a deteção dessa arritmia e promoverá a utilização do ECG pelos meus colegas.”
O investigador tem contactado com vários outros grupos do Reino Unido e dos EUA para aprofundar a pesquisa sobre estudos em humanos.