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Veterinários portugueses pelo mundo

“No mundo da medicina veterinária não existem só clínicas”

“No mundo da medicina veterinária não existem só clínicas”

Dinis Rego, Médico veterinário no Animal and Plant Health Agency, Reino Unido

Qual a sua área de especialidade e porque escolheu essa área?

Trabalho na área de trocas comerciais entre a Europa e países terceiros, dando aconselhamento a colegas veterinários, entidades comercias e ao Governo inglês.

Dentro da medicina veterinária nunca gostei muito do trabalho em clínica, preferindo o trabalho com a indústria e os grandes animais.

Como surgiu a oportunidade de ir trabalhar para o estrangeiro? Onde trabalha neste momento?

Vim para Inglaterra logo após terminar o curso, na procura de uma experiência diferente da clínica de pequenos animais, difícil de alcançar em Portugal. A oferta de posições para médicos veterinários era bem maior do que imaginei, sendo o processo de contratação e iniciação de trabalho muito rápido. Atualmente trabalho no Centro Internacional de Comércio Animal e produtos associados do Governo Inglês (Animal and Plant Health Agency).

O que o fez tomar a decisão de ir para fora trabalhar?

Poderia dizer que a decisão não foi tomada por mim. Procurava uma oportunidade dentro das minha áreas preferidas e abracei a primeira que apareceu. Tendo sempre um espírito de aventura em mente, não vi limitação alguma em ser no estrangeiro.

Quais as diferenças que encontra entre os métodos de trabalho nos dois países? Ou seja, como e um dia de trabalho normal? O que faz?

Um dia trabalho começa normalmente pelas 8:15 da manhã, onde procuro responder a emails e analisar decisões dos veterinários e exportadores de produtos animais. Aconselho os mesmos de forma a cumprir com as diretivas europeias. Tenho também uma posição de conselheiro técnico no comércio intercomunitário de aves de capoeira e ovos para incubação, bem como no transporte de longa duração de animais.

Com a situação do Brexit há alguma pressão para os veterinários estrangeiros voltarem ao país de origem? Ou há constrangimentos à entrada de profissionais estrangeiros no país? Como vê esta situação?

Pelo menos metade dos médicos veterinários que trabalham para o Governo são originários de outros países da Europa. No trabalho não senti qualquer mudança, sendo que os meus colegas ingleses sempre demonstraram total apoio.

Quais os seus planos para o futuro?

Continuar a progredir dentro do Governo inglês, mas sempre com um interesse nas áreas preferidas, na procura última de me melhorar a mim próprio. Espero sim, em modo reforma, poder relaxar neste “jardim à beira mar plantado”.

Equaciona voltar a Portugal?

Sim, mas não num futuro próximo.

Se sim, qual o trabalho/projeto gostaria de desenvolver?

Gostaria de voltar à Universidade e avançar com projetos de investigação e docência que iniciei era estudante de medicina veterinária no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

Que conselho dá aos recém-licenciados em Medicina Veterinária?

Que no mundo da medicina veterinária não existem só clínicas.

Como vê o estado atual da medicina veterinária em Portugal e no mundo?

Portugal possui formação excecional em termos europeus, principalmente no Porto, mas com limitadas saídas profissionais. Vejo um ajustamento inevitável no futuro, quer em termos de academia, quer de posicionamento dos médicos veterinários no mercado de trabalho.

Qual o seu sonho?

Quero poder usar o conhecimento que tenho em povos e culturas que não a minha. Este ano já estive no Sri Lanka, num projeto de voluntariado, a vacinar cães contra a raiva.

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