Este anúncio surge no âmbito das comemorações do segundo aniversário do início de actividade das primeiras quatro USF, a de Nascente (Centro de Saúde de Rio Tinto, em Gondomar), a de Valongo e a de São João do Sobrado (Centro de Saúde de Valongo) e a USF de Condeixa (Centro de Saúde de Condeixa).
A responsável da tutela, em declarações à “Lusa” e citada pelo “Diário Digital”, reconheceu a «elevada complexidade» da reforma em curso nos cuidados de saúde primários, a qual foi «desenvolvida apesar de vários constrangimentos, nomeadamente de recursos humanos». Ainda assim, para a ministra, «os objectivos atingidos até agora são seguramente satisfatórios».
Desde que as primeiras USF foram criadas (Setembro de 2006), Ana Jorge estima a criação de 141, que permitiu «atribuir médico de família a cerca de 190 mil utentes que estavam a descoberto, num universo de quase dois milhões de portugueses abrangidos».
O Ministério da Saúde (MS) promete chegar, até ao final do ano, com mais do que as 150 USF inicialmente estimadas e, para o próximo ano, a meta a atingir serão as 250 unidades.
A tutela pretende ainda arranjar uma solução para os centros de saúde que não aderiram ao modelo das USF, uma situação que gerou algumas críticas.
Neste contexto, o Governo salienta que «a reforma dos cuidados de saúde primários, de forma a garantir a mesma qualidade e equidade de acesso a todos os utentes, não se esgota nas USF».
Para melhorar o acesso, a ministra refere que serão criadas as Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados nos centros de saúde que não aderiram ao modelo USF. Na prática, estes centros irão começar a funcionar com um modelo semelhante aos da USF, não por iniciativa dos profissionais de saúde, mas sim pela sua direcção.
Reforma leva a que «uns tenham tudo e outros nada», critica bastonária da OE
Apesar de as USF terem permitido atribuir médicos de família a um maior número de utentes, as críticas ao projecto não deixam de se fazer sentir, havendo mesmo profissionais a querer abandoná-lo.
Segundo o “Correio da Manhã”, o balanço dos profissionais envolvidos é «positivo», sendo o principal benefício o facto de existirem mais doentes com médico de família.
Contudo, a iniciativa é também bastante criticada. Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), há sinais de descontentamento entre os profissionais de saúde envolvidos, e alguns médicos mostram mesmo a intenção de abandonar o projecto.
Pedro Nunes salienta a existência de profissionais de saúde a sentir-se defraudados com o modelo e com a falta de compensação financeira.
Em adição, o bastonário não deixa de frisar a existência de condições díspares para os médicos e doentes envolvidos nas USF e nos modelos que não aderiram a esta reforma.
Já para a bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), Maria Augusta Sousa, o balanço dos últimos dois anos das USF é «bastante positivo», no que diz respeito aos «cuidados de proximidade».
Contudo, a bastonária critica que a reforma tenha conduzido a que «uns tenham tudo e outros nada», no que diz respeito aos centros de saúde com e sem modelo organizativo USF.
Por seu turno, o coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP), Luís Pisco, admite a legitimidade de algumas críticas, mas acredita que as mesmas fazem parte da impossibilidade de avançar “à velocidade ideal” com uma reforma deste tipo.