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Especial Comportamento

Medicina Comportamental e Veterinário Comportamentalista: como se caracterizar e escolher?

Gonçalo da Graça Pereira eleito presidente do ECAWBM

A Medicina Comportamental é uma ciência multidisciplinar que aborda os problemas de comportamento dos animais num contexto clínico veterinário. O elemento veterinário é importante, uma vez que fatores médicos têm um papel importante para moldar o comportamento dos animais e as suas bases emocionais.

Alterações no comportamento podem ser uma fonte de stresse tanto para os animais de companhia, como para os seus tutores. Nos anos mais recentes tem vindo a ser grandemente reconhecido que muitos dos problemas comportamentais surgem como um resultado da acumulação de muitos fatores de risco e não apenas de um fator causal único. Apenas com os conhecimentos médicos especializados necessários estes fatores podem ser adequadamente avaliados.

No entanto, para melhorar a qualidade do tratamento do paciente é necessário que haja um trabalho de equipa entre o veterinário assistente, o veterinário comportamentalista e outros técnicos envolvidos na mudança comportamental. Cada caso será referenciado pelo veterinário assistente que, além de proceder ao exame médico adequado, procederá também a recolha de sangue e exames complementares necessários previamente à consulta da especialidade.

Na consulta de medicina comportamental faz-se um diagnóstico baseado no historial e sinais comportamentais, após descartar outras hipóteses de origem noutros sistemas fisiológicos. O diagnóstico de cada problema comportamental depende de uma abordagem individual a cada paciente, numa consulta com todos os familiares que se relacionam com o animal. Por isso, no decurso de uma consulta médico-veterinária desta especialidade, que tem uma duração prolongada, haverá lugar a um longo diálogo com todos os tutores e observação do comportamento do animal, de forma a se chegar ao diagnóstico final.

Depois será estabelecido um plano de tratamento e o cliente poderá contar com o apoio de vários profissionais que deverão trabalhar usando a mesma metodologia e complementando-se uns aos outros, mas mantendo a sintonia em prol da resolução do problema. A maioria dos tratamentos implicam uma modificação comportamental que deverá ser feita com o apoio de um treinador especializado com formação cientificamente validada. Infelizmente precisamos de muita atenção na seleção destes técnicos porque nem todos estão devidamente preparados para apoiar e ajudar na resolução destes problemas. De igual forma, cada caso tem um prognóstico diferente, mas todos passarão por um tratamento de modificação comportamental com ou sem auxílio de psicofármacos prescritos.

O que caracteriza um Veterinário Comportamentalista?

Em muitos países Europeus há uma tradição para não-veterinários com formação em áreas como psicologia, etologia ou treino serem envolvidos na gestão de comportamentos indesejáveis. Todos estes profissionais têm um papel fundamental no desenvolvimento da área do comportamento dos animais de companhia e é pelo melhor interesse dos animais e dos tutores que esta abordagem multidisciplinar seja mantida.

A melhor abordagem terapêutica é aquela que reúne diferentes profissionais que complementam o trabalho de cada um. Um dos papéis de uma equipa de trabalho nesta especialidade é também a profilaxia e prevenção de problemas comportamentais, podendo realizar ações de formação para tutores e profissionais…

No entanto, o comportamento é uma área muito íntima da veterinária, sendo que os veterinários especializados em Medicina do Comportamento (Veterinário Comportamentalista) oferecem um conjunto de competências que oferecem apoio ao tutor a vários níveis. Estão capacitados para avaliar a saúde física e emocional dos animais de um modo único e isto leva a uma compreensão profunda dos fatores envolvidos no início e na manutenção dos sinais comportamentais. Poderão prescrever programas de gestão comportamental baseados na combinação da teoria da aprendizagem com as mudanças emocionais, juntando sempre que necessário o uso de feromonas e de agentes farmacológicos de apoio ao tratamento.

Apesar de em Portugal ainda não serem reconhecidas especialidades, há um Colégio Europeu (European College of Animal Welfare and Behavioural Medicine) que reconhece, após um longo e vasto processo de avaliação que assegura um serviço com elevada qualidade, os veterinários que podem prestar serviço como especialistas a nível europeu. O reconhecimento por esta entidade europeia assegura que os serviços prestados beneficiarão os animais, os tutores e até autoridades públicas relevantes.

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