Um inverno mais quente do que o habitual fez com que a lagarta do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa) tenha proliferado de forma mais marcada na Península Ibérica do que nos últimos anos. De acordo com um estudo recentemente publicado por uma equipa de médicos veterinários espanhóis especializados em Oftalmologia, os médicos veterinários devem estar em alerta, uma vez que os animais que entrem em contacto com o inseto podem sofrer lesões oculares graves.
O inseto está, de acordo com os responsáveis pelo estudo, na fase de pupa, altura em que é mais perigoso para cães e para crianças que se encontrem em zonas endémicas, podendo causar lesões muito graves.
O estudo, agora publicado na revista científica Veterinary Ophthalmology, compilou dados acerca de centenas de casos clínicos de cães que sofreram lesões oculares causadas pelo inseto e indica que entre as mais comuns estão a ceratite com infiltração celular (98,57% dos casos) e a uveíte anterior (78,57% dos casos). Além destas, verificam-se ainda casos de hiperemia conjuntival, blefarite e úlceras da córnea. De acordo com os autores do estudo, todas as lesões oculares registadas no estudo mostraram sinais de recuperação entre 15 a 30 dias depois do primeiro tratamento.
Recentemente, o Canil Municipal de Caldas da Rainha alertou para um surto de lagarta do pinheiro na região. De acordo com o canil, o inseto “tem um efeito nocivo não só no contacto com os humanos, causando-lhes irritações na pele, nos olhos e no aparelho respiratório, mas também nos cães e outros animais. Estas lagartas possuem oito recetáculos com cerca de 100 000 pelos urticantes. Ao mover-se abrem estes recetáculos, libertando milhares destes pelos e aumentando a possibilidade de intoxicação de um animal que entre em contacto com eles. Os pelos agem como agulhas, injetando as substâncias tóxicas na pele ou mucosas. As crianças por brincadeira e os cães são os principais afetados.”