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Maus-tratos a animais

Investigadores querem ajudar a distinguir acidentes dos maus-tratos de animais

Apenas 5% das denúncias de maus-tratos a animais chegam a julgamento

Como é que se podem distinguir os maus-tratos de um simples acidente sem que se tenha testemunhado o incidente? Para ajudar os médicos veterinários a detetarem casos de abuso e maus-tratos de animais, um grupo de investigadores da Cummings School of Veterinary Medicine, da Universidade de Tufts, e da American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA), analisaram vários casos criminais de abuso de animais para definir os diferentes tipos de lesões frequentemente associados a casos de maus-tratos em cães e gatos.

O trabalho será publicado em setembro deste ano na revista científica Jornal of Forensic Sciences e pretende oferecer pistas para que os médicos veterinários estejam melhor preparados para detetar casos de abuso em animais de companhia, uma problemática que tem sido apontada pela comunidade médico-veterinário como um tema urgente, uma vez que existe ainda a necessidade de se criar um ‘guia de boas práticas’ para identificar comportamentos suspeitos.

De acordo com os autores do estudo, no que diz respeito aos casos não-acidentais, em que existe abuso de animais, a causa reportada pelo dono do animal raramente corresponde à verdade: nos casos de animais com lesões ósseas, muitas das vezes os donos dos animais reportam acidentes automóveis.

Para chegar a esta conclusão, os investigadores compararam dados de 50 casos de crime com uma amostra de 426 casos de acidentes com veículos. “O nosso estudo descobriu que as lesões não-acidentais e os acidentes com veículos causam diferentes padrões de lesões a nível ósseo e dos tecidos moles”, refere Nida Intarapanich, uma das autoras do estudo.

Nos casos dos animais que sofreram abusos, as lesões mais comuns são costelas fraturadas, fraturas dentárias e danos nas mandíbulas. Por outro lado, os animais envolvidos em acidentes com veículos tendem a apresentar lesões como abrasões de pele, colapsos pulmonares, hematomas e lesões nas pernas traseiras, o que segundo os autores do estudo está relacionado com a fuga dos animais aos veículos.

Além disso, o estudo sugere que, frequentemente, nos casos de abuso as fraturas ósseas são dos dois lados do corpo do animal, enquanto nos casos de acidente as fraturas tendem a ser em apenas um dos lados. Mais, nos casos de animais que sofreram abusos, existem maiores probabilidades de existirem vestígios de outras fraturas mais antigas, o que pode indicar um padrão de maus-tratos, à semelhança do que acontece com os humanos que são vítimas de violência doméstica.

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