Os humanos transmitem mais vírus aos animais domésticos e selvagens do que ao contrário. São as conclusões de um estudo, divulgado esta segunda-feira, dia 25 de março, pela Universidade britânica – University College London, tendo por base a análise de informação genética de diversos vírus.
A pesquisa, já publicada na revista da especialidade Nature Ecology & Evolution, analisou 12 milhões de genomas de vírus disponíveis em bases públicas, tendo detetado 32 famílias virais, com o intuito de “investigar os mecanismos evolutivos que sustentam os recentes saltos de hospedeiros virais”, refere a análise.
Os cientistas verificaram que, na maioria destas famílias, cerca de duas vezes mais transições de hospedeiros foram inferidas como sendo de pessoas para animais e não o contrário.
Desta forma, foi concluído que, em média, as transições de hospedeiros virais se associam a mutações genéticas nos vírus, o que mostra como os vírus se adaptam para melhor descobrirem os novos hospedeiros.
“Embora os saltos de hospedeiros zoonóticos tenham sido extensivamente estudados do ponto de vista ecológico, pouca atenção tem sido dada à caracterização dos impulsionadores evolutivos e dos correlatos subjacentes a estes eventos”, lê-se no estudo.
“Além disso, os humanos são apenas um nó numa grande e complexa rede de hospedeiros em que os vírus são permutados incessantemente, sendo que as zoonoses virais representam provavelmente apenas resultados raros desta rede ecológica mais ampla”, explica o relatório.
Assim, os investigadores avançaram que a monitorização desta transmissão de vírus entre animais e pessoas poderá vir a ajudar a compreender melhor a evolução dos vírus e, deste modo, também a preparar as pessoas para futuros surtos, epidemias e pandemias.
“Existe uma necessidade urgente em desenvolver melhores abordagens para prevenir o aparecimento de doenças infeciosas virais e mitigar os seus efeitos. Como tal, existe um imenso interesse em compreender os correlatos e mecanismos dos saltos do hospedeiro zoonótico”, adiantou a análise.