Segundo Ana Jorge, calcula-se que, por ano, sejam necessários entre 26 a 30 transplantes de pulmão em Portugal mas, até ao momento, apenas o Hospital de Santa Marta, em Lisboa, realiza este tipo de transplantes, num total de quatro a cinco por ano.
«É uma área carente. Somos bons na colheita. Se tivermos maior capacidade poderemos responder às necessidades. É um desafio que é uma necessidade dos portugueses», afirmou a ministra, citada pelo “Diário Digital”.
O cirurgião Manuel Antunes, responsável pela unidade de Cirurgia Cardio-Torácica dos HUC, que expressou disponibilidade do hospital à ministra da Saúde, estima que até Setembro sejam desbloqueadas as contratações necessárias para reforçar a equipa de especialistas.
«A oferta gera a procura», constatou o responsável, que considera que as necessidades hoje apontadas venham a ser mais elevadas no futuro.
Actualmente, «fazem-se poucas no pais, com qualidade má, e as pessoas vão para Espanha», observou o cirurgião e professor universitário, salientando que tudo irá depender dos resultados, em virtude de se tratar de uma cirurgia muito complexa.
Apesar da questão dos transplantes pulmonares já ter sido assumida como uma necessidade do país, para Manuel Antunes «a ideia aguda de que há um problema surgiu com o caso do irmão do primeiro-ministro», que se deslocou a Espanha para receber um transplante pulmonar.
HUC passam a funcionar em regime de EPE
Numa breve apresentação para a ministra da Saúde, o responsável revelou que a unidade de Cirurgia Cárdio-Torácica dos HUC, que celebra 20 anos de existência, realizou 20.083 cirurgias, com uma taxa de mortalidade de 0,9%. Ao nível dos transplantes cardíacos satisfaz as necessidades do país em 60 a 65%.
A ministra visitou ainda os serviços de Nefrologia, Oftalmologia e o Hospital de Dia de Oncologia, tendo anunciado que, a partir de Setembro, os HUC vão passar a funcionar em regime de Entidade Pública Empresarial (EPE), que classificou de «mais um desafio» para «uma unidade de referência e de excelência».
Ana Jorge assistiu também à celebração de protocolos entre a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) para a criação de unidades de Cuidados Continuados e Cuidados Paliativos nos hospitais de Anadia, Estarreja, Ovar, Cova da Beira, Seia, Tondela e com o Centro de Medicina da Reabilitação da Região Centro.
Entre 2008 e 2009, o Estado prevê investir cerca de 9,4 milhões de euros na Região Centro na Rede de Cuidados Continuados Integrados, na adaptação das unidades de saúde, para criar 220 camas de internamento.
«A Saúde, para ser completa, é preciso a articulação destas unidades. Quanto melhor articuladas, melhor se prestam os cuidados de saúde aos cidadãos», observou a ministra.