Os gatos podem ser a chave para o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento do HIV. A conclusão é de um estudo recentemente publicado na revista científica Plos Pathogens e que conseguiu analisar a estrutura 3D da proteína que causa a resistência a fármacos em gatos infetados com FIV (vírus da imunodeficiência felina) e que também está presente no HIV.
Estima-se que, atualmente, mais de 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com HIV, 20,9 milhões das quais com acesso a terapias antirretrovirais, segundo dados das Nações Unidas. As terapias antirretrovirais reduzem os níveis de HIV no sangue, de forma a que em alguns casos o vírus é quase indetetável e não afeta a sua saúde.
Contudo, algumas das pessoas que sofrem de HIV acabam por desenvolver resistências a estes fármacos, razão pela qual continua a ser urgente o desenvolvimento de novas terapias para doença. E de acordo com os investigadores, os gatos podem ser uma ajuda preciosa, já que o FIV é muito semelhante ao HIV.
O estudo agora publicado conseguiu decifrar a estrutura 3D da proteína que causa a resistência a fármacos em gatos infetados com FIV (vírus da imunodeficiência felina) usando técnicas de purificação e cristalização que permitiram revelar os mecanismos por detrás da resistência da proteína às terapias antirretrovirais.
Uma das conclusões foi que esta proteína, presente no vírus da imunodeficiência felina, gera uma espécie de bolsa fechada que faz com que as terapias antirretrovirais não consigam ‘agarrar-se’ de forma eficaz ao vírus, o que o torna resistente à sua ação. De acordo com os autores do estudo, estres resultados representam não só um avanço para o desenvolvimento de terapias contra o FIV, como também para o HIV.