Como é que um médico veterinário trabalha numa clínica/hospital? E um enfermeiro veterinário? Quais as principais dificuldades na hospitalização? A Pet Universal passou várias tardes num hospital veterinário, a analisar de perto o trabalho destes profissionais, e acabou por desenvolver um software de gestão hospitalar que monitoriza em tempo real os animais hospitalizados. Acabaram-se as fichas de internamento em papel. Está tudo na cloud, em tempo real.
No dia em que o mundo assistiu à eleição de Donald Trump como o novo presidente dos EUA, Luís Pinto apresentou aos principais investidores do mundo da tecnologia a Pet Universal. A empresa marcou presença no Web Summit, o maior evento tecnológico do mundo, com o Hopi, um software de gestão hospitalar que promete revolucionar a forma como médicos veterinários e enfermeiros veterinários gerem os internamentos hospitalares.
Se até agora era normal existirem fichas de internamento em papel, com todos os inconvenientes que tal acarreta (desde caligrafias indecifráveis a apontamentos rasurados), com o HOPI cada animal hospitalizado passa a ter uma ficha de internamento digital. O médico veterinário pode definir o plano de tratamento e o enfermeiro veterinário sabe exatamente quando tem de efetuar os tratamentos e quais os tipos de tratamentos.
A ideia partiu de um grupo de amigos de Aveiro que se juntou para ajudar a “salvar os animais”, conta Luís Pinto, CEO da Pet Universal. “Como diz o nosso lema – Better Pet Care, Everywhere . O nosso sonho era para salvar todos os animais, mas rapidamente percebemos que a distância entre o sonho e a realidade era grande e decidimos apontar o foco à veterinária. Somos engenheiros informáticos pet lovers e começámos por desenvolver um software de gestão para abrigos de animais”.
Na altura, Luís Pinto trabalhava na PT inovação e estava sempre ansioso por chegar o fim-de-semana para poder desenvolver o projeto com a ajuda do programador Vítor Martins. “Até que decidimos ter a coragem de fazer uma starup nossa e adaptámos as primeiras ideias para a área da veterinária. Falámos com vários veterinários na zona de Aveiro a tentar perceber que software tinham, o que existem e o que sentiam falta e rapidamente percebemos que a maior falha era a nível da hospitalização”.
Segundo Luís Pinto, “o médico veterinário gasta cerca de duas horas por dia a preencher folhas, planos de tratamento e todos os dias tem de preencher o plano. E os enfermeiros veterinários de hora a hora têm de ver as fichas todas e a perceber o que têm de fazer. Têm de perceber a letra do médico e se for preciso mudar algo no plano à última hora são riscos sobre riscos, gatafunhos e fica difícil de gerir o papel”.
A solução foi passar tudo para o mundo digital. “O software está na cloud e os médicos veterinários podem aceder a partir de qualquer computador, tablet, em qualquer sítio, não é necessário fazer download de um programa. Até pode estar na esplanada e aceder ao nosso website para gerir o hospital”.
Não percebo nada de tecnologias. Também posso ter acesso ao Hopi?
Mas para quem não está muito familiarizado com o mundo das novas tecnologias como é que tudo funciona? “Crio a conta da clínica ou do hospital na cloud, conta essa que pode ter várias fichas de animais. Depois cada funcionário tem a sua conta individual. A ideia é que eu, enquanto médico veterinário, quando faço o login fica o registo que fui eu que criei aquele plano de tratamento, que decidi qual a medicação a dar e quando o meu colega enfermeiro faz login fica registado que foi ele que marcou a ação como feita. Temos a noção do que cada pessoa faz”, explica Luís Pinto, que já conseguiu implementar o programa em hospitais como o Hospital Veterinário de Aveiro ou o Hospital Veterinário do Restelo.
Para ter acesso ao software basta pagar uma mensalidade, que varia consoante a dimensão do CAMV. “Tentámos inovar no produto e no modelo de negócio. Não é necessário comprar uma licença para instalar o software, não tem a ver com o número de utilizadores ou número de terminais. Decidimos fazer a diferenciação pela dimensão do espaço. Uma pequena clínica que tem até 15 animais tem um preço, um hospital que não ultrapasse os 35 animais em simultâneo tem outro preço e temos pacotes tendo em conta a dimensão do CAMV”.
Luís Pinto, Vítor Martins e Susana Costa já têm outras ideias para novos produtos, como a gestão de cirurgias e outro de estatísticas da hospitalização. “A ideia da Pet Universal é criar vários produtos nunca relacionados com o negócio, mas com as atividades clínicas”.