John Bohannon, jornalista de ciência da Universidade de Harvard (EUA), planeou o “golpe” durante um ano e enviou a sua “descoberta”, assinada por um cientista fictício que trabalhava numa universidade fictícia, para os editores de 304 revistas online de acesso livre especializadas em investigação médica.
Das 255 revistas que enviaram uma resposta de recusa ou de aceitação, 60% fizeram-no sem dar qualquer sinal de que os resultados tivessem sido submetidos a uma avaliação científica pelos pares. Das 106 revistas que realizaram de facto alguma avaliação, 70% acabaram por aceitar o artigo para publicação.
“Qualquer revisor com conhecimentos de química acima do ensino secundário e a capacidade de perceber um gráfico elementar deveria ter detetado imediatamente as falhas do artigo”, escreve Bohannon na Science. “A qualidade das experiências é tão má que os resultados não fazem qualquer sentido.”
Bohannon refere ainda o caso do Journal of International Medical Research, da Sage, cujo diretor é professor de psicofarmacologia no King’s College de Londres e que, sem exigir qualquer alteração do artigo, lhe enviou uma carta de aceitação e uma fatura de 3100 dólares.