«Se aparecerem os dados, a situação pode ser revista». Os únicos que existem «são extrapolados de outros países e nós temos de conhecer a efectividade da doença para reduzir a carga», considerou Graças Freitas, citada pelo “Diário de Notícias».
No entanto, nos próximos «um a dois anos não se prevê a inclusão da vacina no PNV», avançou a responsável, que defende que «o problema da gastroenterite causada por rotavírus tem pouca expressão em Portugal».
De acordo com o INFARMED, as duas vacinas actualmente existentes no mercado, Rotarix (GlaxoSmithKline) e RotaTeq (Sanofi Pasteur), estão a ser avaliadas para comparticipação.
Apesar dos pedidos terem sido efectuados há dois anos, ainda não tiveram resposta porque, segundo Graça Freitas, «a inexistência de dados nacionais não permite fazer uma análise de custo-benefício válida».
Henedina Antunes, médica do hospital de Braga, anunciou que o estudo irá decorrer entre 1 de Outubro e 30 de Setembro de 2009. O objectivo é determinar a percentagem de casos de gastroenterite por rotavírus em crianças menores de cinco anos, bem como os tipos de genótipos frequentes em circulação.
Um estudo fármaco-económico desenvolvido com a Rotarix a partir de dados internacionais revelou que a vacina reduziria 74,1% dos casos anuais de gastroenterite por rotavírus e 96,3% dos casos graves.
Também as idas às urgências, após primeira consulta, seriam reduzidas em 68,5%. Estas e outras melhorias poupariam, no total, 2,4 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS.)
Rotavírus: Número de internamentos em Portugal mais baixo que na Europa
Apenas uma em cada 98 crianças portuguesas é internada devido a gastroenterite grave por rotavírus, quase metade da média europeia (uma em cada 54), noticiou o “Diário Digital” o que, segundo Henedina Antunes, revela o cuidado dos médicos nacionais em evitar contágios.
A médica que pertence igualmente à Sociedade Portuguesa de Pediatria fez uma revisão dos 17 trabalhos existentes em Portugal sobre o rotavírus e, extrapolando dados, refere que os pediatras portugueses são, provavelmente, mais cuidadosos que os seus colegas europeus.
«É muito difícil que o rotavírus não se propague a outras crianças mesmo tomando todos os cuidados. Em Portugal há um grande esforço para recorrer a internamentos em unidades de curta duração e talvez isso tenha a ver com o cuidado dos pediatras. Se for confirmado é um dado interessante e que pode mostra a inteligência dos médicos portugueses», disse à “Lusa”.
Segundo um estudo da Eurotrials, uma empresa portuguesa de consultoria e investigação na área da saúde, os gastos directos anuais em Portugal com o rotavírus superam os 2,8 milhões de euros, contando com hospitalizações, consultas e medicamentos.
De acordo com dados de 2005, citados por Henedina Antunes, os valores de internamento variam entre 629,63 e 2.342,38 euros por criança, sendo a mediana de tempo de internamento de cinco dias.
Segundo este trabalho de revisão da investigadora, o dado geral sobre internamentos deverá ser o único que distingue Portugal do resto da Europa.
Em termos de incidência nacional dos efeitos do rotavírus, o valor é de 37% em Portugal e de 40% no continente.
Outro dado comum é a maior percentagem de crianças entre os seis e os 23 meses nos internamentos por rotavírus (60 a 70%, segundo dois estudos portugueses).
A diarreia grave provoca na Europa 231 mortes e 87 mil hospitalizações em crianças com menos de cinco anos de idade.