Poderão os médicos veterinários estar a virar o foco para o lucro em detrimento da saúde e do bem-estar dos pacientes? A crítica é de Manuel Raposo, finalista de Medicina Veterinária da Universidade de Évora que recentemente escreveu no jornal Público um artigo de opinião em que fala de uma classe veterinária em que são “cada vez mais comuns as más práticas e os erros de diagnóstico e terapêuticos”.
O artigo já mereceu uma resposta da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), que defende que aquilo que é exposto no artigo pelo estudante de Medicina Veterinária “não reflete a realidade da classe médico-veterinária”.
De acordo com o Conselho Diretivo da OMV, “a Ordem dos Médicos Veterinários repudia veementemente tais declarações que não se enquadram na realidade da classe médico-veterinária, que se rege por princípios e regras deontológicas e se caracteriza como uma classe exigente, honesta, trabalhadora, com espírito de iniciativa e sempre empenhada na atualização permanente dos seus conhecimentos.”
A OMV diz ainda que “é de estranhar como um jornal de renome como o ‘Público’ tenha permitido tal publicação sem confirmar a veracidade do respetivo conteúdo junto da entidade competente, nomeadamente a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), que é a entidade reguladora da atividade profissional, entre outras atribuições. A Ordem dos Médicos Veterinários disponibiliza todos os mecanismos para a jurisdição da atividade médico-veterinária de forma que os seus membros e a sociedade em geral possam expor as suas queixas relativas à prestação de serviços por parte dos Médicos Veterinários, sendo as mesmas apreciadas pelo Conselho Profissional e Deontológico (CPD), que aplicará o código deontológico vigente.”
Depois da publicação desta resposta da OMV, Manuel Raposo já publicou um pedido de desculpas, em que indica ter colocado a classe “num patamar e numa ótica incorreta que a rotula como tendo apenas profissionais que trabalham pelos motivos errados e com as ambições menos éticas possíveis.”
Em 2016, em declarações à VETERINÁRIA ATUAL a propósito da entrada da nova geração de médicos veterinários no mercado de trabalho (Millennials), Manuel Raposo defendia que, frequentemente, os estudantes “esperam após cinco anos de ‘sacrifício’ ter uma carreira recompensadora, e o que é certo é que, com alguma frequência, vemos essas expectativas defraudadas”.
“Torna-se cada vez mais claro o choque de mentalidades entre quem começa a entrar no mercado de trabalho e quem já tem alguma bagagem de experiência nessas andanças. No entanto, tudo fica resumido a uma questão de adaptabilidade, que deve logicamente provir de ambas as partes. Os líderes de instituições empregadoras devem procurar conhecer a forma de pensar de quem se encontra presentemente disponível para entrar no mercado de trabalho e os Millennials devem ter em conta as metodologias de trabalho e ideais dos seus potenciais empregadores. Esta geração tem, felizmente, vindo a lutar bastante por aquilo que acredita ser o mínimo que lhes garante condições aceitáveis de trabalho e, com isso, condições para evoluírem enquanto profissionais. No fundo, a meta e o objetivo é singular: uma carreira recompensadora. Os estudantes são o futuro da classe e, como tal, acredito que os objetivos dos Millennials serão cumpridos: clínicas com turnos mais curtos, melhores remunerações, mais oportunidades de evolução na carreira (seja como clínico, investigador, docente, etc.), mais apoio em projetos /investigações de diversa índole, entre outros.”