Um estudo revelou uma correlação significativa entre certas inclusões citoplasmáticas em neutrófilos e monócitos sanguíneos de cães e lesão hepática grave, uma descoberta que anteriormente tinha sido apenas observada em humanos.
A análise baseou-se na identificação de inclusões citoplasmáticas lipofuscina-símile em humanos, associadas a lesão hepática moderada a grave e alta mortalidade, mas aplicada e verificada, pela primeira vez, em cães.
O objetivo do estudo passou por descrever anormalidades clínicas e patológicas, diagnósticos e conclusões em cães com inclusões esverdeadas nos seus neutrófilos ou monócitos sanguíneos, e estabelecer se essas inclusões compartilham características com a lipofuscina.
Para a realização da investigação, foram identificados casos clínicos durante a avaliação de rotina de amostras de hemograma. As inclusões leucocitárias foram caracterizadas por coloração de rotina e avaliadas quanto à presença de ferro e autofluorescência. Além disso, casos adicionais foram identificados examinando amostras de sangue de cães já recolhidas, que preenchiam os critérios da investigação para lesões hepatocelulares.
De acordo com o estudo, “os resultados foram reveladores”, uma vez que todos os sete cães identificados com inclusões exibiram inflamação e aumentos significativos na atividade sérica da alanina aminotransferase (ALT). Desta forma, padrão semelhante foi observado nos quatro cães identificados de entre 97 casos.
As inclusões foram negativas para azul da Prússia e mostraram extensa autofluorescência, com aspecto de lipofuscina, com e sem coloração de Wright. “A maioria dos diagnósticos clínicos centrou-se em doenças hepáticas e pancreatite e, infelizmente, oito dos 11 cães faleceram dentro de sete dias após a admissão”, explica o estudo.
Neste sentido, para os investigadores “a conclusão do estudo é significativa”. Assim, as inclusões citoplasmáticas azul-esverdeadas, embora raras, encontradas em neutrófilos e monócitos das amostras sanguíneas têm propriedades lipofuscinas, tingidas ou não tingidas, e sugerem a presença de lesão hepatocelular, muitas vezes grave. Deste modo, os investigadores sugerem que sejam relatas estas inclusões para facilitar uma gestão clínica mais efetiva.
“Esta descoberta destaca a importância da observação detalhada nos testes hematológicos de rotina e abre um novo caminho para o diagnóstico e tratamento precoce de doenças hepáticas em cães”, concluem os investigadores.