O estudo, publicado na revista “Nature”, poderá assim possibilitar uma combinação terapêutica eficaz na reactivação do vírus, que é inacessível na sua forma latente, e eliminá-lo com um antiviral, noticiou a “Lusa”.
O vírus em questão, denominado herpes simples (VHS-1, vírus herpes tipo 1) pode manter-se inactivo nos gânglios nervosos durante vários anos e entrar em acção seguindo pelas fibras nervosas até ressurgir na pele ou nas membranas mucosas na forma de vesículas, por efeito de stress, fadiga ou exposição solar.
O VHS-1 constitui um agente que acarreta a formação desse tipo de vesículas nos lábios ou úlceras na córnea do olho, transmitindo-se, por norma, através do contacto com as secreções da boca.
Quando se encontra em estado latente, o vírus, apesar de não se multiplicar, produz um tipo de material genético, o RNA-LAT, cujo intuito não é conhecido.
A equipa conduzida por Bryan Cullen, do Centro Médico da Universidade de Kent, na Carolina do Norte, descobriu que aquela forma de ARN (ácido ribonucleico) surgia em unidades mais pequenas, ou micro-ARN, que mantinham o vírus dormente ao bloquearem a produção das proteínas necessárias à sua proliferação.
Contudo, por efeito do stress, estes micro-ARN ficam em menor número, não conseguindo bloquear o fabrico das proteínas, que recomeça, activando o vírus.
Em teoria, pode vir a ser possível activar todo o stock de vírus latentes no organismo e eliminá-los definitivamente, explicou Cullen, cujo laboratório começou por estudar a melhor forma de administrar este tipo de tratamento em animais.
Segundo avançou o investigador, estes trabalhos podem também vir a combater outros vírus latentes como os do herpes genital (VHS-2) ou da varicela.
Descoberta poderá acabar com vírus do herpes
Um mecanismo que permite ao vírus do herpes simples manter-se escondido no corpo até reaparecer na pele ou em mucosas em pequenas vesículas foi desvendado por uma equipa de cientistas norte-americanos.