O cientista Robert Winston, especialista em fertilização in vitro, pretende iniciar a produção de corações, fígados e rins para transplantes nos próximos três meses, em colaboração com Carol Redhead, de California Institute of Technology, noticiou no domingo passado o “Sunday Times”.
Conhecido pelos programas de divulgação científica na “BBC”, Winston assegura ter encontrado uma técnica simples de criação de porcos transgénicos para evitar a rejeição dos órgãos por parte do sistema imunitário do doente.
Segundo o “Diário de Notícias”, a técnica consiste em modificar o ADN dos porcos, através da introdução de genes humanos – injectando seis genes nos testículos do animal ou directamente no seu esperma.
Este método poderá vir a solucionar o problema em dez anos, muito mais depressa do que a investigação no campo das células estaminais, realça. «Recentemente tem-se falado muito da possibilidade de fazer crescer órgãos vitais a partir de células estaminais em laboratório, mas esta técnica ainda está em fase experimental. Os órgãos dos suínos são biológicos, têm as dimensões certas e funcionam de forma similar aos órgãos dos humanos», argumentou Winston.
Técnica levanta questões médicas e éticas
O xenotransplante ou transplante de células, tecidos ou órgãos entre espécies diferentes não é uma ideia recente. Durante a década de 90, vários grupos desenvolveram investigações na matéria, mas acabaram sempre por abandonar as investigações devido à falta de sucesso.
Além do elevado risco de rejeição, os especialistas receiam o perigo de contaminação dos humanos com vírus de doenças animais.
Para Winston, a nova técnica vem resolver este problema e considera que se trata da melhor solução para ultrapassar a crónica carência de órgãos para transplantes: «um a cada 15 minutos no mundo desenvolvido», referiu.
Mas a técnica não levanta apenas questões médicas, como a longevidade dos órgãos e a transmissão de vírus. Levanta também preocupações éticas, sobretudo de activistas dos direitos dos animais.