A Associação Portuguesa de Médicos Veterinários de Equinos (APMVE) vai organizar mais uma edição do seu congresso anual nos dias 22 e 23 de novembro, nos auditórios da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto. Com 93 associados, a APMVE foi fundada em 2002 e representa os médicos veterinários que trabalham na área de medicina e cirurgia de equinos em Portugal. O programa vai ter um dia dedicado à reprodução, medicina interna e epidemiologia, e outro à medicina de desporto (maneio da patologia de dígito em cavalos de concurso) e à cirurgia de dígito. A VETERINÁRIA ATUAL falou com João Crespo, responsável desta associação, sobre as expectativas da APMVE para este evento.
Qual é o objetivo deste congresso anual e porque é que se decidiram concentrar nos temas da reprodução e da medicina de desporto?
O objetivo deste congresso é o de contribuir para a formação contínua dos colegas interessados na clínica de equinos com temas atuais, apresentados por colegas portugueses que se destacam nas suas áreas de atuação. Queremos ainda promover o convívio entre todos e criar uma oportunidade privilegiada de contacto com a indústria através da exposição comercial. Os temas abordados incluem não só a reprodução e a medicina de desporto, mas também a cirurgia e a medicina interna.
A medicina de desporto está a crescer em Portugal na área dos equinos?
A área da medicina de desporto é historicamente aquela que envolve um maior número de colegas. Há 25 anos existiam pouco mais de uma dezena de colegas dedicados a esta espécie, hoje somos mais de 160. Neste sentido poderemos afirmar que a área da medicina de desporto está a crescer em Portugal. No entanto, com o aumento do número de colegas, outras áreas começam a recolher a atenção dos jovens veterinários que iniciam a sua vida profissional. As áreas da reprodução, da imagiologia e da medicina interna atraem hoje em dia um elevado número de médicos veterinários com um desempenho técnico ao nível do melhor que se pratica nestas áreas.
Quais são os principais desafios que esta área da medicina veterinária enfrenta atualmente?
Existem atualmente dois grandes desafios nesta área. O primeiro está relacionado com as questões que envolvem o bem-estar animal. Recentemente, tivemos oportunidade de assistir, no decorrer do Campeonato da Europa, a manifestações contra o desporto equestre por ser considerado por alguns grupos como um atentado à dignidade dos animais. Por via da desinformação ou do desconhecimento, estas pessoas alegam que o desporto equestre sob qualquer forma é um desrespeito pela dignidade dos animais. Estas opiniões nascem da ignorância e do desconhecimento. O regulamento veterinário da FEI [Fédération Equestre Internationale] dedica a grande maioria do seu conteúdo à salvaguarda da saúde e bem-estar destes animais. É nosso dever, enquanto veterinários, mostrar aos outros que estes animais são acarinhados e respeitados e que o seu bem-estar vem para nós sempre em primeiro lugar. O segundo ponto tem que ver com o abandono por parte dos colegas mais novos desta área da medicina. A ausência de horários, os riscos associados ao maneio destes animais são apenas algumas das razões apontadas. Nos EUA, o número de jovens licenciados que optaram pela clínica de equinos reduziu mais de 50%…
Quais são as vossas expectativas para o congresso? E quais os pontos de interesse que gostariam de destacar?
Estamos certos de que irá ser uma oportunidade de formação ímpar. A qualidade dos palestrantes é única. Salientamos ainda a mesa-redonda que irá ter lugar sobre a introdução da vacina para o herpes vírus equino em Portugal, que irá sentar à mesa pela primeira vez a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, os laboratórios produtores da vacina e os colegas que trabalham todos os dias no campo; iremos contar ainda com a presença do especialista europeu, Dr. Miguel Llorca, para nos ajudar a integrar as experiências de outros países. O congresso encerra com uma masterclass dada pelo Dr. Tim Greet, do Reino Unido, um dos grandes pioneiros da cirurgia moderna em equinos.