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Clínica Veterinária da Boa Nova recebe primeiro ortopantomógrafo do País

Estudo Isodensidade

A Clínica Veterinária da Boa Nova, em Leça da Palmeira, no Porto, recebeu o primeiro ortopantomógrafo de uso veterinário do País no final de outubro, anunciou o diretor clínico deste espaço, Bruno Tavares. O aparelho, que vai permitir realizar diagnósticos odontológicos em animais e planear tratamentos de forma mais eficaz e rápida, entrou em funcionamento no dia 1 de novembro.

“Foi um equipamento adquirido por necessidade e não como investimento”, salienta o médico veterinário. “Os casos já existiam”, diz.

 

Filho de um estomatologista de medicina humana, Bruno Tavares trabalha em odontologia na medicina veterinária há vários anos. Em 2011, ajudou a instalar o serviço de Estomatologia do Hospital Veterinário Montenegro, no Porto, onde ainda trabalha em ambulatório sempre que é requisitado. Foi o diretor clínico deste reconhecido hospital veterinário, Luís Montenegro, que também o influenciou “a inovar sobre estes temas”.

Cinco anos mais tarde, na sua própria clínica, Bruno Tavares montou um serviço de estomatologia e cirurgia maxilofacial totalmente equipado para diagnóstico e tratamento, com radiografia intraoral digital e uma estação completa de trabalho dentária e cirúrgica.

Bruno Tavares admite que ainda há dificuldades de perceção da parte dos donos: “Sentem que há a necessidade, mas não sabem a quem recorrer, nem sempre associam o tratamento dos dentes do seu animal ao médico veterinário.”
 

Neste momento, o serviço na Clínica Veterinária da Boa Nova divide-se em duas vertentes: Bruno Tavares lida com as patologias orais não oncológicas, enquanto a sua colega, Joana Lourenço, se encarrega das patologias orais oncológicas.

Preencher lacunas e diferenciar-se
A compra do novo aparelho de diagnóstico reflete as lacunas que sentia neste ramo da veterinária: “Senti que havia esta necessidade no setor. Verificava grande atraso [na odontologia] em relação a outras áreas, embora algumas universidades e colegas estejam a trabalhá-las”, explica. Com vários casos referenciados para a sua clínica, desde os mais simples, de doença periodontal, aos mais complexos, como de cirurgia maxilofacial, o profissional acredita que “esta era uma área em que havia espaço para a diferenciação e evolução”.

 

Entre os casos que trata estão situações de traumatologia em cães, “que acabam muitas vezes em desvitalizações de dentes”, bem como más-oclusões com correções ortodônticas e disfunções e ou lesões temporomandibulares. “Atualmente, 80% dos nossos casos cirúrgicos são de patologias orais, com casos internos e referência externa”, revela ainda o médico veterinário e diretor clínico.

Mais comuns são ainda os casos de cancro na cavidade oral, apesar de diagnosticados “de forma mais precoce e, felizmente, com mais sucesso”, garante. Tal deve-se também a uma maior sensibilização dos detentores de animais, muito motivada pelos médicos veterinários e empresas do setor, mas Bruno Tavares admite que ainda há dificuldades de perceção da parte dos donos: “Sentem que há a necessidade, mas não sabem a quem recorrer, nem sempre associam o tratamento dos dentes do seu animal ao médico veterinário.”

 

Esse trabalho de sensibilização já era feito na Boa Nova, mas, com a introdução da ortopantomografia, é ainda mais provável que a clínica cimente o seu estatuto enquanto “clínica dentária” de animais de companhia. “Neste momento com a ortopantomografia, podemos ter a imagem panorâmica total de toda a cavidade oral em dez segundos, o que nos permite maior rapidez na aquisição da informação.”

Vantagens da ortopantomografia
Embora a clínica já contasse com outros meios de diagnóstico, como a radiografia intraoral digital, particularmente útil no estudo das lesões periapicais, a ortopantomografia permite visualizar todos os dentes e estruturas de suporte, incluindo a maxila, mandíbula e seios nasais, numa única imagem. “Permite planear o tratamento de forma mais eficaz e rápida”, sintetiza Bruno Tavares. “Às vezes vemos bocas em muito mau estado e é preciso definir prioridades.”

O médico veterinário acredita que, com a aquisição do ortopantomógrafo, o número de casos referenciados para a sua clínica vai aumentar: “Já fizemos mais de 30 ortopantomografias este mês. Há aqui também uma curva de aprendizagem e os colegas gostam de reconhecer as estruturas no aparelho novo”, conta.

“Para mim, é muito mais fácil mostrar ao dono um raio-X panorâmico. A escolha de uma ortopantomografia tem todo o sentido na veterinária como otimização do tempo de exposição radiográfico”, acrescenta, referindo que o custo é menor para o paciente do ponto de vista anestésico e de exames.

Já para o detentor, Bruno Tavares acredita que esta oferta “incrementa muito o valor do serviço”, pois o médico veterinário consegue orçamentar melhor os tratamentos.

“Já fizemos mais ortopantomografias este mês. Há aqui também uma curva de aprendizagem e os colegas gostam de reconhecer as estruturas no aparelho novo.”

As suas aplicações são inúmeras e variadas, mas o diretor clínico da Boa Nova sublinha que, na sua prática, o aparelho vai ser especialmente útil em casos de doença periodontal em cães e gatos quando os animais têm muitas peças dentárias em mau estado – o que ajuda a diminuir o tempo de intervenção sob anestésico, porque se estabelecem prioridades de tratamento -, no planeamento de implantes, nomeadamente para o estudo da densidade óssea por forma a decidir o posicionamento do mesmo, e ainda no diagnóstico de tumores.

E para quem pensa que a colocação de implantes dentários em animais é ainda coisa do futuro, o profissional garante que realiza o procedimento “mensalmente”, especialmente “em cães de exposição”. Ainda assim, nota, “a escolha do paciente é muito importante, pelo próprio temperamento do cão”. Além disso, nem todos os animais passam no seu crivo de aprovação: “Já recusei a colocação de um implante num cão que fazia provas de ataque”, afirma.

Como funciona a ortopantomografia?
“Trata-se de um exame, indolor, rápido e com um nível de radiação mínimo para o paciente. Ainda assim, na medicina veterinária, o exame necessita ser efetuado sob sedação para contenção do paciente e evitar movimentos durante o exame que poderiam comprometer a qualidade da imagem adquirida”, explica Bruno Tavares.

O paciente é colocado num suporte que o mantém numa posição vertical, mordendo uma peça do equipamento que vai separar as duas arcadas dentárias. Após o bom alinhamento dos feixes de laser, o aparelho roda em torno da cabeça do animal, produzindo uma panorâmica completa das estruturas orais.

 

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