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Cães perigosos terão de ser treinados: Este é o caminho a seguir

Mais de 300 ataques de cães em cinco anos

Os donos de cães perigosos ou potencialmente perigosos vão ter de treiná-los a partir dos seis meses de idade. A proposta de lei foi aprovada a 21 de março em Conselho de Ministros.

O novo regime jurídico da criação, reprodução e detenção de animais perigosos e potencialmente perigosos, enquanto animais de companhia, privilegia “a adoção de uma conduta responsável que passa, desde logo, pela necessidade dos detentores animais perigosos e potencialmente perigosos serem sujeitos a uma formação específica”.

Para Gonçalo da Graça Pereira, da PsiAnimal, a grande novidade é que se começa a apostar na prevenção. “Este é o caminho a seguir: prevenir a dentada ao educar humanos (adultos e crianças) e cães desde cedo”. A proposta avança com socialização entre os seis e os doze meses, mas para o médico veterinário “deverá ser bastante antes, senão perdemos o importante período de sociabilização dos cachorros e poderemos já não ir a tempo de prevenir”.

 

Os proprietários destes animais “ficam obrigados a iniciar o treino desses animais, com vista à sua socialização e obediência, entre os seis e os 12 meses de idade, de modo a potenciar o sucesso de um treino que já hoje é obrigatório”. A legislação agora aprovada determina que “os detentores de cães perigosos ou potencialmente perigosos ficam obrigados a promover o treino dos mesmos, com vista à sua socialização e obediência, o qual não pode, em caso algum, ter em vista a sua participação em lutas ou o reforço da agressividade para pessoas, outros animais ou bens”.

Na opinião de Gonçalo da Graça Pereira, o treino não deveria centrar-se em determinadas raças. “A atualidade científica demonstra que os acidentes causados por ataques caninos não têm correlação com raças específicas. Por isso não se compreende porque é que um avanço legal e importante destes continua a assentar numa lista de raças potencialmente perigosas”.

 

“Se virmos as estatísticas internacionais (e em breve, espero, nacionais) as raças presentes nesta lista de “potencialmente perigosas” não são as principais causadoras dos acidentes. Sabemos sim que a maioria dos acidentes ocorre em casa e com cães conhecidos da vítima, principalmente crianças”.

Ainda assim, o presidente da PsiAnimal aplaude esta evolução legal, mas seria “ainda mais aplaudida se se dirigisse a todos os detentores de cães (como ocorre na Suíça, por exemplo)”.

 

Gonçalo da Graça Pereira chama ainda a atenção para a entidade que se vai responsabilizar pela formação dos proprietários. “Quem é que vai ser responsável por esta formação? Ter um cão como animal de estimação não implica que seja um animal de trabalho, sendo que as técnicas de ensino têm de ser adaptadas às suas necessidades e manifestações comportamentais. Por isso, e havendo no país veterinários e equipas que trabalham em Medicina do Comportamento e Etologia, dever-se-á procurar reunir uma equipa de especialistas que promovam estas acções de formação”.

De referir que a Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento e Bem-estar Animal, PSIANIMAL, tem um conjunto de técnicos “que poderão ser fundamentais para este processo”, conclui.

 
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