A cantora e atriz Barbara Streisand revelou esta semana numa entrevista concedida à revista Variety que clonou a sua cadela duas vezes. A polémica estalou nas redes sociais um pouco por todo o mundo e os especialistas falam de uma “moda” que apesar de não estar financeiramente ao alcance de todos traz sérios dilemas éticos.
De acordo com a estrela de Hollywood, para clonar a sua cadela da raça Coton de Tulear bastou recolher células da boca e do estômago. O resultado foi, primeiro, a cadela Miss Violet e, depois de esta falecer, a cadela Miss Scarlett.
Ouvido pela revista Visão, Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) explica que “a clonagem cria um animal morfologicamente igual, mas a personalidade pode ser completamente diferente”. Sobre a possibilidade de a clonagem de animais de companhia ser uma prática no país, o bastonário refere que “à partida, teríamos capacidade científica para o fazer, mas o processo é dispendioso. Não há mercado para isso” e defende que “as pessoas estão no seu direito, se respeitarem o bem-estar animal”, mas que não passa de uma “moda” ou “capricho”.
Já o presidente da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina Veterinária, Luís Telo da Gama, também citado pela Visão, diz compreender que a expetativa das pessoas “seja satisfazer o desejo de manter a ligação com o animal que já morreu”, mas acredita que é apenas “uma ilusão”. Para além disso, Luís Telo da Gama explica que a lei europeia “só permite a clonagem em contexto de investigação e não para fins comerciais”, pelo que clonar uma animal de estimação em Portugal seria ilegal.
Depois da revelação de Barbara Streisand, já várias organizações de defesa dos direitos dos animais vieram manifestar-se contra a clonagem de animais de estimação, nomeadamente a PETA, que apela às celebridades dos EUA que deixem de clonar os seus animais. “Todos queremos que os nossos cães vivam para sempre mas, apesar de parecer uma boa ideia, a clonagem não o permite”, defendeu a presidente da instituição, Ingrid Newkirk.