Jorge Cid encerrou ontem a 3ª edição do VetSummit anunciando a união das duas bases de dados de identificação animal, uma aspiração antiga da Ordem. O bastonário disse ainda que a OMV mantém a pressão para travar a abertura de novas faculdades de medicina veterinária; especificou que o cheque veterinário é para ser usado apenas pelos CRO e defendeu que a Acupuntura deve ser encarada à parte das outras medicinas ‘alternativas’.
O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) disse que “finalmente conseguimos a união das duas bases de dados – o SIRA, do Sindicato dos Médicos Veterinários, e o SICAFE, da DGAV” e adiantou que “a nova base de dados será denominada SIAC e deverá estar disponível a partir de 1 de julho”.
O responsável salientou que “a OMV insistiu para que o novo Sistema de Identificação de Animais de Companhia seja gerido pelo Sindicato”, uma vez que o SIRA funciona muito bem e “sabemos as dificuldades de meios que tem a DGAV”.
Travar novas faculdades de medicina veterinária
Jorge Cid aproveitou também a presença de muitos médicos veterinários no VetSummit, que ontem decorreu no Centro Cultural de Belém, para assegurar que a OMV “tudo tem feito para explicar ao Ministério da Educação a necessidade de travar a abertura de novas faculdades de medicina veterinária, ou no mínimo, diminuir o número de alunos, para que haja menos colegas a ter de ir para fora e os que se formam cá tenham melhor formação”.
O bastonário salientou que “as diligências da OMV conseguiram já que das duas novas faculdades previstas uma tenha ficado para já em standby, mas a outra está mesmo muito avançada”, lembrando que “as faculdades são financiadas por aluno, daí a resistência em reduzir o seu número”.
Justificando a necessidade de diminuir o número de médicos veterinários que saem todos os anos das faculdades nacionais, Jorge Cid adiantou que “como sabem, a Ordem está a fazer um estudo e, de acordo, com as informações que temos até agora: cerca de 70% dos médicos veterinários estão em situação de subemprego, o que é inadmissível”.
Cheque veterinário é para os CRO
Para esclarecer “muitas dúvidas e opiniões que têm surgido nas redes sociais”, Jorge Cid frisou que “o programa que lançámos, chamado de cheque veterinário, destina-se a ser usado apenas para esterilizações de animais errantes e abandonados recolhidos pelos Centros de Recolha Oficial e algumas famílias carenciadas que estejam referenciadas nas juntas de freguesia, segundo os critérios da Segurança Social”.
E adiantou: “Como sabemos, os CRO deixam de poder abater animais por sobrepopulação a partir de setembro deste ano e para que isso não se torne numa situação ainda mais dramática é necessário fazer esterilizações maciças. Assim, decidimos que a OMV não podia ficar alheada deste problema do País, demonstrando a sua solidariedade ao oferecer o trabalho dos médicos veterinários pro bono e cobrando apenas o custo do material”.
Outra razão, frisou o médico veterinário é que “desta forma evitamos também que os municípios decidam avançar para a construção de centros veterinários próprios que daqui a uns anos poderão ficar sem objeto, tornando-se em novos concorrentes dos CAMVs”.
Acupunctura deve ser caso à parte
Quanto à discussão que animou o recente Congresso da OMV em relação às medicinas ‘tradicionais’ ou ‘alternativas’ na prática veterinária – e sobre as quais Manuel Sant’Ana, especialista veterinário europeu em Ciência, Ética e Direito do Bem-Estar Animal, falou na live interview à diretora da Veterinária Atual, ontem no VetSummit – o bastonário afirmou que “a integração ou não destas práticas no ato médico veterinário ainda está a ser discutida”.
Todavia, disse: “Acredito que a Acupuntura vai ter um tratamento à parte e que, assim sendo, deverá ser sempre praticada por um médico veterinário, que esteja certificado para essa prática”.