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Árctico: Grandes herbívoros podem acelerar aquecimento global

Árctico: Grandes herbívoros podem acelerar aquecimento global

O impacto do aquecimento global no Árctico pode diferenciar-se das previsões feitas pelos modelos computorizados para a região, concluiu uma equipa de biólogos da Penn State University, nos Estados Unidos.

A equipa conduzida por Eric Post, docente de Biologia naquela universidade, e po Christian Pederson, demonstrou que os animais em pastoreio desempenham um papel fundamental na redução dos arbustos da zona, limitando, com efeito, o respectivo efeito de absorção de carbono.
Segundo o “El Mundo”, a maioria dos modelos indicam que os arbustos se desenvolvem e estendem como consequência do aquecimento global. Devido à sua capacidade em absorver o dióxido de carbono, muitos cientistas asseguram que os arbustos podem diminuir o impacto das mudanças climáticas.
Contudo, Post e Pederson partilham uma visão diferente. Ainda que ambos considerem que o aquecimento global irá promover o crescimento dos arbustos, eles argumentam que o pastoreio dos bois almiscarados (Ovibos moschatus) e das renas (Rangifer tarandus), irá reduzir a absorção de carbono destas plantas.
«Se imaginarmos um tabuleiro de xadrez em que os quadrados negros são arbustos e os quadrados brancos são ervas, o aquecimento tenderá a aumentar a dimensão dos quadrados escuros até que o tabuleiro fique completamente negro», exemplificou Post.
«A nossa investigação sugere que os herbívoros, como o boi almiscarado e a rena, reduzirão e inibirão este processo, aumentando a dimensão dos quadrados brancos sobre o tabuleiro», completou.
Para realizar o estudo, publicadas na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), os investigadores conduziram uma experiência de cinco anos no oeste da Gronelândia, onde compararam os efeitos do pastoreio de bois almiscarados e renas nas zonas em que aumentaram as temperaturas e noutras em que não se verificaram alterações nos modelos computorizados.
Para isso, os investigadores recorreram ao uso de câmaras de aquecimento para aumentar as temperaturas em certos pontos, inibindo o fluxo de ar através da superfície terrestre, reduzindo o efeito frio do vento e permitindo a acumulação de ar quente.
Posteriormente, para documentar os efeitos do aquecimento sobre a vegetação, os biólogos construíram uma série de vedações para separar os animais. Isto permitiu concluir que o calor influencia, efectivamente, o crescimento dos arbustos, mas nas zonas em que os bois almiscarados e as renas se encontravam este crescimento sofreu uma redução de 19%.
A investigação revela também que o boi almiscarado, uma população muito menos numerosa em relação à população de renas, é responsável pela maioria do pastoreio.
«Esta descoberta é bastante surpreendente e pode dever-se à natureza sedentária do animal que tende a permanecer no mesmo local durante muito tempo», referiu Post.
Os investigadores apontam ainda para a urgência de tomar medidas sobre as possíveis consequências que estes animais podem vir a sofrer. «Um controlo cuidadoso e a conservação das populações existentes de bois almiscarados e renas, assim como de outros grandes herbívoros, deve ser uma prioridade em projectos para atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas», alertou Post.

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