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Especial Comportamento

Ainda é excêntrico falar de Comportamento Animal?

Comportamento Animal

Chegar às emoções dos animais para evitar sofrimento. É esse o objetivo dos médicos veterinários dedicados à medicina do comportamento. Os desafios atuais da especialidade continuam a ser “um diagnóstico adequado para que seja prestado um bom tratamento”, defende Gonçalo da Graça Pereira, presidente da direção da PsiAnimal, fundador do Centro para o Conhecimento Animal e médico veterinário especialista europeu em Medicina Comportamental e diplomado em Bem-Estar, Ética e Lei.

Para que tal aconteça torna-se imperioso trabalhar com equipas multidisciplinares com profissionais habilitados. “O mais importante para um médico veterinário é saber fazer uma boa avaliação do Bem-estar animal. Um diagnóstico errado pode levar a anos de tratamento incorreto. Raramente um animal tem apenas uma causa para o seu problema de comportamento. Por norma a causa é multifatorial e muitas vezes há que estabelecer uma estratégia, um compromisso e objetivos paulatinos com os tutores”, sublinha Gonçalo da Graça Pereira. As formações básicas ou mais aprofundadas – como pós-graduações – na área do comportamento “podem dotar os médicos veterinários generalistas de conhecimentos básicos de Medicina Comportamental para utilizar nas suas consultas”.

Na opinião de Isabel Santos, médica veterinária a realizar consultas de comportamento animal em várias clínicas da região do Grande Porto, e um dos elementos da PsiAnimal, “ainda durante a primeira década deste milénio falar de Comportamento Animal no nosso país era algo de excêntrico e/ou pouco valorizável, apesar de noutros países a sua importância ser já amplamente reconhecida. Felizmente, nos últimos anos assistimos a uma crescente consciencialização sobre a importância desta área quer a nível do público em geral, quer a nível do seio da classe veterinária”.

Ainda assim tem consciência que o país ainda está longe “do reconhecimento devido. Se por um lado é consensual que os tutores procuram de forma frequente respostas sobre o comportamento do seu animal junto do médico veterinário, por outro esta é uma das áreas de conhecimento onde os mitos e as informações contraditórias são frequentes”.

É por isso que, na sua opinião, um dos principais desafios passe por “dotar os veterinários de ferramentas básicas para um correto aconselhamento e encaminhamento dos casos de Medicina do Comportamento. Neste contexto, a integração em planos de formação contínua pelos profissionais já em exercício e a atualização curricular dos conteúdos programáticos universitários para os futuros colegas são pontos fundamentais para ultrapassar este desafio”.

Para Barbara Schoning, presidente da European Society of Veterinary Clinical Ethology (ESVCE), discutir as questões éticas e de Bem-estar é essencial. “Os desafios passam por avaliar métodos de treino eficientes e humanitários para os animais, promover boas práticas, procurar evitar problemas na relação entre os mesmos e os seus tutores e aprender sobre a melhor forma de prevenir incidentes. Uma outra área de interesse é a de animais utilizados em terapia – cães e cavalos – que são úteis para ajudar os seres humanos, mas é fundamental que o seu Bem-estar não fique comprometido”.

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