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Acupuntura ao serviço da emergência médica veterinária

Sem título e

A acupuntura médica veterinária (AMV) permite aos veterinários em todas as áreas de atuação clínica beneficiarem dos seus efeitos. Uma das áreas que, com um treino direcionado, pode auxiliar com resultados muito favoráveis é a emergência médica.

Atualmente, a AMV é lecionada e praticada de duas formas: AMV como vertente de tratamento no âmbito da medicina tradicional chinesa veterinária (MTCV), incorporada numa prática de medicina veterinária Integrativa (MVI), e a AMV como complemento na reabilitação neuromotora. É importante referir que as duas não são incompatíveis e os efeitos podem ser semelhantes, sendo que a AMV baseada na MTCV tem indicações mais variadas nas diversas áreas médicas (dermatologia, oncologia, doença autoimune ou imunomediada, comportamento, endocrinologia e medicina interna, além da ortopedia e neurologia).

 

Cada clínico decide a vertente que prefere incorporar e que pode, desse modo, mais beneficiar o seu paciente na área clínica que atua.

Em emergência médica, as situações que se sucedem estão relacionadas com reanimação e choque, estímulo neurológico, maneio da dor, hipertermia.

 

De uma forma simples e imediata, qualquer um de nós pode recorrer ao estímulo de pontos de acupuntura (PA) e verificar o benefício destes, que foram já reportados e documentados em diversos trabalhos e publicações.

A localização dos PA é definida por diversas estruturas anatómicas e está intimamente ligada ao sistema nervoso periférico. É através da transmissão do estímulo periférico ao sistema nervoso central que posteriormente se desencadeia uma cascata de eventos humorais, celulares, sensitivos e motores no organismo.

 

O ponto vaso governador 26 (VG 26) é indicado para reverter a paragem respiratória e pode ser estimulado em situações de choque, como por exemplo, durante uma anestesia. Numa emergência, pode ser utilizada uma agulha de acupuntura ou hipodérmica de baixo calibre. A localização do VG26 encontra-se na linha média do filtrum nasolabial.

 

O método consiste na inserção da agulha a cerca de 10 a 20 mm de profundidade, girando-a até que o paciente apresente sinais de reversão da apneia que, em média, surgem em 10 a 30 segundos. Num estudo com 69 pacientes, a taxa de sucesso foi de 100%. Em casos em que a apneia surgiu após paragem cardíaca, o tempo de estimulação aumentou para 4 a 10 minutos e a taxa de sucesso diminuiu para 43%.

O estímulo exercido nesse ponto atua na depressão respiratória de origem central pela ação reflexa dos recetores opiáceos cerebrais, produzindo também efeitos simpaticomiméticos com reflexo nos sistemas cardiovascular e respiratório.

Outro ponto com funções importantes em emergência é o rim 1 (R1). Localiza-se numa depressão na superfície plantar do membro pélvico, entre o segundo e terceiro ossos metatarsianos, proximal à articulação metatarsofalângica. A localização deste ponto em relação à almofada plantar varia dependendo da raça e da posição dos membros, podendo ser proximal ou por baixo da almofada. O R1 é usado em choque e ressuscitação e está associado ao nervo tibial.

Na ponta da cauda encontra-se outro ponto, denominado Wei Jian, que se associa ao nervo espinhal caudal e cuja estimulação é indicada em choque e ressuscitação.

 

Para o golpe de calor, recomenda-se o uso do PA denominado Er Jian, que se localiza no ápice da orelha. Neste ponto, a agulha de acupunctura ou hipodérmica é introduzida e retirada de imediato e é frequente que ocorra uma pequena hemorragia.

Recomendo os colegas a experimentarem a utilidade deste PA, acrescentando que o uso destes não interfere com a eficácia de medicamentos.

*www.zenvet.pt

 

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