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Médicos Veterinários

Veterinários Sem Fronteiras Portugal: “Adoro fazer isto e por mim trabalhava nisto a tempo inteiro”

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Inês Oliveira é médica veterinária e dedica-se à medicina de abrigo num centro de recolha oficial. Está habituada a lidar com situações difíceis, a assegurar um trabalho que é quase uma produção em série para esterilizar o maior número de animais. Decidiu colocar o seu saber ao serviço de países ainda mais carentes em saúde animal e tornou-se médica veterinária voluntária nos Veterinários Sem Fronteiras (VSF) Portugal.

Recém-chegada de uma missão na Ilha do Príncipe, a vice-presidente dos VSF Portugal e coordenadora do projeto “Menos é Mais” conta à VETERINÁRIA ATUAL como é esterilizar animais em comunidades sem eletricidade, sensibilizar uma população para as noções básicas de bem-estar animal e, ao fim de duas missões, garante que recebe sempre muito mais do que dá.

 

Os VSF Portugal estiveram em mais uma missão, desta vez na Ilha do Príncipe, de 15 de janeiro a 2 de fevereiro…

Isso mesmo, ao todo estivemos lá três semanas. Fomos quatro voluntários: duas médicas veterinárias e dois estudantes de medicina veterinária. Eu estive lá as três semanas, mas o resto da equipa esteve lá apenas duas semanas.

 

Quais foram os objetivos a que se propuseram nesta missão?

Nessas três semanas tínhamos três objetivos principais: controlo populacional, identificação dos animais e sensibilização da população.

 

O primeiro objetivo era fazer controlo populacional, fazer castração, já que nesta ilha o principal problema são os cães, quase não há gatos, não só os errantes, mas também os que têm dono e andam à solta e que, não sendo castrados, acabam por se reproduzir.

Também fizemos desparasitação, porque existe um problema na Ilha do Príncipe, principalmente na zona da cidade, de sarna, uma doença que também se transmite às pessoas.

 

Também pretendíamos fazer a identificação com microchips e coleira. Só que em termos logísticos estas ações são sempre complicadas. É preciso levar uma grande quantidade de material por avião e por barco e o material que foi de barco não chegou a tempo. Nunca é como planeamos.

Conseguimos fazer as coisas com materiais que tinham sobrado de outras campanhas. Acabámos por ter de nos ajustar, mas a parte da identificação não conseguimos cumprir.

Também tínhamos como objetivo fazer sensibilização da população na cidade, nas comunidades e nas escolas. Desta vez fizemos algo que nem costumamos fazer que foi reservar uma semana só para fazer a divulgação da campanha e sensibilização da população. Normalmente vamos só duas semanas [em missão] e começamos logo a trabalhar nas castrações e desparasitações, mas desta vez fomos uma semana antes e visitámos escolas, fomos a todas as comunidades onde íamos [trabalhar] para falar da campanha, dizer quais eram os nossos objetivos. É importante que as pessoas estejam informadas.

“Sempre gostei muito desta área e o que faço no meu dia-a-dia é este controlo populacional, fazer castrações, e fiquei logo muito interessada em ter esta experiência, em aplicar os conhecimentos e experiência que tenho aqui noutro lugar.” – Inês Oliveira, VSF Portugal

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Ainda fizemos um censo da população de cães. Realizamos uma contagem dos cães que vimos na rua através de uma aplicação para termos mais ou menos uma noção do número de cães que existe na ilha. A aplicação faz uma estimativa do número de cães, quantos machos e quantas fêmeas, e se estão castrados ou não.

O nosso objetivo é numa próxima missão conseguirmos, com um novo censo, fazer uma comparação do número de cães existente.

Não tendo já dados concretos desta vez, comparativamente com a equipa que foi na última missão, conseguimos ver que, realmente, houve uma diminuição do número de cães na rua.

E como foi o contacto com a população? Como divulgaram a campanha junto das pessoas e fizeram a articulação e cooperação com as entidades locais?

Não existem médicos veterinários na Ilha do Príncipe, apenas em São Tomé, e isso é realmente um problema porque o nosso trabalho acaba por não ser continuado depois das semanas em que lá estamos.

O que acontece é que vamos em articulação com a Direção da Pecuária [do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural de São Tomé e Príncipe] e são eles que fazem a parte de divulgação nas redes sociais. Nunca resulta muito bem e as pessoas acabam por não saber.

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Por isso, desta vez, fomos uma semana antes [de iniciar o trabalho de campo] e foi muito importante. Fizemos divulgação na rádio, o que funcionou muito bem porque lá toda a gente ouve rádio. Distribuímos panfletos nas comunidades e na cidade, fomos às escolas e explicámos o que íamos fazer para que as pessoas estivessem informadas.

Em termos de atividade, têm contabilizado o número de animais que foram esterilizados nesta missão?

Castramos cerca 160 animais em duas semanas. Realmente, tivemos aquele problema do material, porque podíamos ter feito mais.

Não foi a primeira vez que os VSF Portugal foram à Ilha do Príncipe. Como é a receção da população a este tipo de iniciativas? Percebem a necessidade de controlo da população de cães?

Existe um grande problema na ilha, que está a melhorar, que é o tipo de relação entre o homem e o animal, existem mesmo alguns casos de maus-tratos. Um dos nossos objetivos é, precisamente, ir às escolas e falar com as pessoas para tentar fomentar a relação entre homem e animal.

Agora já há muitos animais com dono, tratam-nos bem e já estão castrados. Por exemplo, houve pessoas que já tinham castrado o animal e desta vez foram ter connosco porque o animal estava doente. Já têm essa preocupação.

E tivemos uma grande adesão à campanha, com um grande número de pessoas a quererem castrar o animal. Percebem que é um problema existirem muitos cães na rua, porque depois esses cães formam matilhas, acabam por atacar as pessoas e é um grande problema.

Porquê a escolha da Ilha do Príncipe para esta missão?

É um projeto – o “Menos é Mais” – que começou com um protocolo entre a Direção da Pecuária, a Fundação Príncipe [de proteção de espécies], os VSF e com financiamento do HBD Hotels, uma cadeia hoteleira com muitos hotéis na Ilha do Príncipe, que também estão preocupados com esta questão por causa do turismo, pelas condições dos animais e da sarna.

“O nosso trabalho sempre foi nestes países de baixo e médio rendimento, mas também existem problemas em Portugal e queremos dar uma ajuda a estes municípios que têm dificuldade em fazer capturas e a esterilização dos animais.” – Inês Oliveira, VSF Portugal

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Que desafios apresenta uma missão destas a uma equipa que, reconhecidamente, não era muito extensa?

O primeiro é que, normalmente, são equipas que apenas se conhecem nesta altura para trabalhar juntas. Mas correu super bem, a equipa era muito boa.

Depois, são as condicionantes do local. É uma ilha paradisíaca, muito bonita, mas está meio isolada. É um verdadeiro paraíso protegido. Por exemplo, há alturas em que não temos eletricidade, cortam a eletricidade da meia-noite até às seis da manhã, mas nem sempre vem às seis da manhã. Às vezes vem às seis e meia ou às sete. E durante o dia também podem acontecer cortes. Num dos dias o corte de eletricidade aconteceu às seis da tarde. E numa comunidade nunca tivemos eletricidade e isso implicou não podemos usar nada que necessite de corrente elétrica. Levámos algumas máquinas de tosquia e os cauterizadores, mas nesse dia tivemos de fazer tatuagens nos animais castrados em vez de cortarmos a ponta da orelha esquerda.

Tentamos sempre garantir que todos os locais têm as condições mínimas de higiene, de eletricidade, de água, mas são locais na comunidade. Nessa missão estivemos só um dia na cidade, que é onde conseguimos ter melhores condições, no resto dos dias fomos às comunidades, que são zonas muito isoladas, muitas delas não têm saneamento, podem não ter água, os locais são improvisados. Temos de nos ajustar às condições.

Como decorre a recuperação do animal que foi castrado? Como é essa questão logística de um ato que não deixa de ser cirúrgico?

Temos sempre uma zona onde os animais fazem o recobro, pelo menos até acordarem.

É quase impossível mantermos os animais ali depois de estarem acordados. Assim que vemos que acordam, fazemos o registo, e são soltos.

Ali não há quase carros, é um espaço muito pequeno, é uma realidade diferente.

Uma vez que não há veterinários na ilha, nestas ações fazem alguma formação de profissionais que possam fazer ligação com os veterinários da Ilha de São Tomé?

Existem dois técnicos na Ilha do Príncipe, não são é médicos veterinários. Conseguem assegurar algumas coisas, mas mais na área dos animais de produção – vacas, cabras, galinhas – não com os cães.

“Não existem médicos veterinários na Ilha do Príncipe, apenas em São Tomé, e isso é realmente um problema porque o nosso trabalho acaba por não ser continuado depois das semanas em que lá estamos.” – Inês Oliveira, VSF Portugal

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Na primeira semana também fizemos formação à equipa que está lá sobre como como se faz a captura dos animais, tendo em conta o bem-estar, sobre o registo e identificação, como ver o peso e a idade do animal.

A nível pessoal, esta foi a sua primeira missão com a VSF?

Não, foi a segunda. A outra missão foi em Cabo Verde.

Enquanto médica veterinária o que a levou a dedicar-se ao voluntariado internacional, em realidades tão diferentes da portuguesa?

Sou médica veterinária há cerca de dois anos e o meu trabalho foi sempre dedicado à medicina de abrigo e à saúde e bem-estar animal. Trabalho no centro de recolha oficial (CRO) da Câmara Municipal de Almada e aqui não é uma clínica, também temos algumas condicionantes, de material por exemplo, embora a nível de condições as coisas funcionem muito bem.

Dentro do nosso primeiro mundo, os CRO é o que se aproxima mais desta realidade [que encontra no voluntariado] porque a vida numa clínica é muito diferente.

Sempre gostei muito desta área e o que faço no meu dia-a-dia é este controlo populacional, fazer castrações, e fiquei logo muito interessada em ter esta experiência, em aplicar os conhecimentos e experiência que tenho aqui noutro lugar e contribuir.

E ao mesmo tempo também ganhei muito. É sempre uma experiência pessoal ótima, temos de trabalhar com pessoas que não conhecemos, temos de nos adaptar a outras realidades e, de facto, é mesmo uma experiência pessoal muito rica.

Em termos profissionais também, porque trabalhamos num regime de alta eficácia e alta intensidade. Trabalhamos muito rapidamente para tentar fazer o máximo de castrações de animais nestas campanhas e embora já fizesse isso todos os dias no canil, quando voltei da minha primeira missão em Cabo Verde dupliquei o número de cirurgias que realizava no mesmo espaço de tempo.

Adoro fazer isto e por mim trabalhava nisto a tempo inteiro é uma experiência muito boa, podemos ajudar, contribuir e depois receber muitas coisas em troca.

A nível emocional é também desafiante estar numa realidade muito diferente. Nessas localidades ainda não há a visão de animal de companhia…

Já há pessoas que consideram os animais como família. Depende dos sítios e São Tomé e Príncipe é muito diferente de Cabo Verde. Em Cabo Verde já há uma relação mais emocional com o animal.

Na Ilha do Príncipe já há algumas pessoas que veem os cães como animais de companhia, mas têm-nos muitas vezes para caçar, por exemplo, tem sempre uma componente de utilidade.

É difícil porque aqui não estamos habituados a esta visão. Estamos habituados a que exista uma grande preocupação com o bem-estar dos animais e lá isso ainda está a ser trabalhado.

Nós já vamos preparados e é uma questão de nos adaptarmos à realidade. E claro, tentamos mudar esta visão, estamos constantemente a reforçar que é importante o bem-estar do animal, para mudar um pouco esta visão deles e acho que já estamos a colher resultados.

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É um dos objetivos da campanha. Se formos lá só fazer castrações e desparasitações, o número de castrações que conseguimos fazer é uma gota de água. O que interessa é falar com as pessoas e tentar mudar comportamentos, principalmente com as crianças, que mais facilmente mudam e falam com os pais. Esta sensibilização é mesmo muito importante.

Quando é que fez a missão em Cabo Verde e que memórias guarda desses dias?

Foi em outubro de 2022. Adorei Cabo Verde, fomos à ilha Brava, também muito isolada e pouco turística.

Tentamos sempre trabalhar com associações locais ou com o Governo local para que o nosso trabalho tenha alguma continuidade e seja algo duradouro. Em Cabo Verde trabalhámos com a Associação Bons Amigos, uma associação internacional, sendo que é um país onde existem tanto cães, como gatos, e a população é diferente. Em Cabo Verde, a sensibilização que fazemos nas escolas é ensinar que o animal tem de ter uma coleira, devem andar com ele à trela e a sensibilização que fazemos em São Tomé e Príncipe é mais sobre a relação com os animais e o bem-estar.

Como foi a minha primeira missão foi muito bom porque, em termos pessoais, nunca tinha estado numa experiência destas, nunca estado sozinha num país tão diferente, a ter de me adaptar às condições que tinha.

Depois, profissionalmente, quando cheguei a Portugal dupliquei o número de cirurgias, foi mesmo uma experiência muito boa.

Em que é que esta visão mais abrangente do mundo a ajuda no trabalho no CRO? Na parte prática já deu para perceber que duplicou o número de castrações …

Trago sempre muita coisa. É ótimo ir e trabalhar com pessoas diferentes, na campanha de Cabo Verde era uma equipa muito grande que incluía pessoas da Alemanha, da Áustria, de Cabo Verde – os técnicos de lá são verdadeiras máquinas que nos ensinaram muito – e no Príncipe éramos todos portugueses, mas não nos conhecíamos.

Neste contacto com pessoas diferentes, com veterinários mais velhos, aprende-se sempre imenso, aprendi soluções diferentes que consigo aplicar no CRO.

Essa experiência que vamos bebendo das várias realidades é mesmo muito enriquecedora.

Trabalhando num CRO também não lida com casos fáceis, atendendo ao que conhecemos sobre o abandono de animais de companhia em Portugal. A medicina de abrigo não costuma ser a primeira escolha nas faculdades precisamente por ser uma realidade dura. O que a seduziu nesta área da medicina veterinária?

Não é que não goste de clínica, também gosto, mas sempre estive mais virada para a parte da saúde pública, que engloba a medicina de abrigo, do bem-estar animal e também a segurança alimentar. Nos municípios temos estas duas vertentes: a medicina de abrigo nos canis e temos a segurança alimentar.

Sempre quis trabalhar nestas duas áreas e comecei logo a trabalhar no canil depois do meu estágio. O que eu gosto é de desenrascar, de cuidar destes animais sem dono, que acabam por ser também os meus animais porque estou preocupada com a saúde deles, com a vacinação, eles estão cá todos os dias connosco e acabam por ser também um bocadinho nossos.

Normalmente vêm de condições más, são abandonados ou estão em casas sem condições, e têm de ser resgatados. Depois são trabalhados por um treinador que temos aqui e que é muito importante para lhes dar bem-estar e começar a socializá-los. É incrível ver animais que, por exemplo, estavam em matilhas, não tinham socialização nenhuma e de repente conseguem ser adotados depois de serem trabalhados.

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A sociedade é cada vez mais exigente com bem-estar animal… Como se convive com a pressão da sociedade de terem de recolher todos os animais? É um equilíbrio difícil entre o que querem fazer enquanto médicos veterinários, o que a sociedade vos exige e do que podem realmente fazer…

É isso mesmo. Temos de pensar no que queremos e no que realmente conseguimos fazer porque temos um espaço limitado. Por mais que eu queira recolher todos os animais que existem [na rua], em primeiro lugar essa decisão não passa por mim, e depois o espaço é limitado. Às vezes é mesmo necessário recolher, não há forma de dizer que não, mas o espaço é muito limitado.

Tentamos promover as adoções porque é uma forma de libertar espaço e tentar que os animais não passem muito tempo no canil.

A população, como está de fora, só consegue ver aquilo que está mal e só vê aquele animal que está na rua e ninguém faz nada. Só que o canil está sempre cheio e se falar com outros municípios é uma situação generalizada: há muitos animais e há sempre mais animais para recolher do que os que são adotados.

Mesmo assim, acho que já se faz um ótimo trabalho, as pessoas estão cada vez mais despertas para as adoções e virem a um canil adotar é a chave para conseguirmos recolher mais animais.

Tendo em conta a experiência das missões em que participou, que tipo de campanhas estamos carenciados a nível nacional?

Tem de se apostar cada vez mais na sensibilização nas escolas. A sensibilização é essencial na população em geral, mas com as crianças funciona muito bem porque elas captam mesmo a informação que estamos a passar e depois transmitem aos pais e fazem pressão para que as coisas mudem.

Nós aqui [no CRO] fazemos algumas ações nas escolas e, por exemplo, uma das crianças na escola acabou por adotar um dos cães que utilizámos durante essa sensibilização.

Voltando aos VSF. É uma organização internacional e a delegação portuguesa, que existe desde 2006, realiza ações, sobretudo, em países africanos de língua oficial portuguesa…

Sim, temos missões em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola.

O papel da associação sempre esteve muito ligado aos animais de companhia, o nosso objetivo é potenciar a saúde pública, tendo em conta o conceito One Health.

Os nossos projetos têm-se focado muito nos animais de companhia, nesta componente de controlo populacional, mas a nova direção – que assumiu funções em outubro de 2023 – também tem como objetivo começar projetos diferentes, a nível de segurança alimentar, de animais de espécies pecuárias, mas ainda estamos muito focados nos animais de companhia.

Para isso necessitam de recursos humanos. Quantos médicos fazem voluntariado connosco?

É complicado. As pessoas têm de pôr férias para conseguirem trabalhar connosco [nas missões internacionais] e nem toda a gente tem essa possibilidade. Temos muita dificuldade em ter mão-de-obra experiente, embora tenhamos muitos estudantes interessados e agradecemos muito essa ajuda, mas temos de ter sempre veterinários mais experientes para as cirurgias e é sempre difícil arranjar pessoas.

Mas temos já pessoas interessadas, este número de veterinários com experiência está a aumentar e para as campanhas em Portugal (ver caixa) será mais fácil.

Já estão a pensar em novas missões?

Vamos iniciar um novo protocolo do projeto “Menos é Mais” na Ilha do Príncipe e estimamos que aconteça em agosto.

Depois teremos uma campanha de Cabo Verde, na qual iremos à Ilha de São Nicolau, à Ilha Brava e à Ilha do Fogo, que deverá acontecer em abril/maio.

“Também existem problemas em Portugal e queremos dar uma ajuda”

E em Portugal, os VSF pensam realizar algumas ações?

Estamos a iniciar alguns projetos a nível de colaboração com municípios. Existe, de facto, um problema em alguns municípios porque nem todos conseguem garantir a castração de animais e têm de fazer protocolos com clínicas. Só que são poucos dias por semana e não conseguem dar conta, principalmente dos gatos do programa CED [Captura, Esterilização, Devolução] e é com esse objetivo que pensamos em iniciar um projeto em Portugal.

O nosso trabalho sempre foi nestes países de baixo e médio rendimento, mas também existem problemas em Portugal e queremos dar uma ajuda a estes municípios que têm dificuldade em fazer as capturas e a esterilização dos animais.

Já têm alguns protocolos fechados?

Sim. Já fizemos um protocolo com o município das Flores, nos Açores, e vamos fazer mais protocolos com eles, vamos fazer em Coimbra e temos mais dois municípios interessados. Queremos contribuir com a experiência do trabalho que fazemos lá fora.

Nas clínicas normalmente as coisas são muito mais calmas, há tempo, podem fazer uma castração por manhã. É muito diferente destas campanhas em que fazemos a castração de 25 animais por dia. Esta é, mais ou menos, a realidade dos municípios, onde não se pode só fazer a esterilização de um gato numa manhã. Temos de ter pessoas que consigam ter este ritmo a trabalhar e que as coisas corram bem, obviamente.

 

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