O caso de Larry Nassar, que foi durante mais de 20 anos médico da seleção americana de ginástica e que vai passar o resto da vida na prisão por condenações de abuso sexual e posse de pornografia infantil, fez páginas de jornais por todo o mundo. Mas, agora, há um motivo mais positivo para recuperar esta história de horror – e envolve um cão.
Bentley, um cão-guia, ajudou a jovem bailarina Grace French a ultrapassar o trauma dos abusos do ex-médico. Grace decidiu treinar Bentley assim que o recebeu e tinha um objetivo: “Queria ensiná-lo a acordar-me de pesadelos”, contou ao New York Times.
A bailarina tinha sido vítima de abusos sexuais quando era criança por parte do médico olímpico Lawrence Nassar, o que lhe causava pesadelos. Tal como muitas outras mulheres, Grace apenas constatou na idade adulta que os “tratamentos” de Nassar tinham sido, na verdade, abusos, seguindo-se uma ação judicial que levou à condenação do médico olímpico.
Contudo, ter de enfrentar a verdade teve as suas consequências negativas, trazendo memórias e pesadelos.
“Acordava e sentia que ele [Nassar] estava a sair das sombras da sala.”
Os pesadelos acabaram por tornar-se tão frequentes, que Grace mal conseguia dormir e tinha dificuldades em ficar acordada durante o dia.
Foi assim que um conhecido, que treina cães de apoio para veteranos militares, lhe sugeriu que arranjasse um cão para a ajudar a ultrapassar a situação, voluntariando-se para treinar o animal.
A bailarina começou a trabalhar com o treinador durante os fins de semana e, juntos, ensinaram Bentley a conseguir identificar quando ela estava a ter pesadelos, para que este pudesse acordá-la.
“Eu tinha de fingir os pesadelos”, explicou Grace, acrescentando que as simulações serviam para ajudar o cão a aprender quando lhe deveria dar um empurrão com a pata e uma lambidela na cara.
O passo seguinte foi ensinar Bentley a realizar rondas no apartamento, para ajudar a bailarina a sentir-se segura depois de acordar de um pesadelo.
“[Para treiná-lo] escondemos guloseimas pelo apartamento e dissemos: ‘Vai procurar as guloseimas! Colocamos as guloseimas à volta do perímetro para ele ir para todos os cantos.”
O seu ativismo tem inspirado vários sobreviventes a falar de abusos e a iniciar o seu próprio caminho para a cura. Usar a sua experiência pessoal para ajudar os outros tem sido uma forma de Grace se autoajudar e avançar na sua recuperação, relata o diário nova-iorquino.
“Uma das maiores partes da minha cura tem sido tomar o controlo da minha história. É a minha hora. É a minha hora de seguir em frente. Ele já não me consegue controlar.”
