As bactérias podem disseminar genes de resistência aos antibióticos à distância com uma eficácia até dez mil vezes superior à até então conhecida. A conclusão foi publicada no estudo Extensive antimicrobial resistance mobilization via multicopy plasmid encapsidation mediated by temperate phages e divulgada na revista britânica Journal of Antimicrobial Chemotherapy.
De acordo com os investigadores da Universidade Complutense de Madrid (UCM) e da Universidade de Barcelona (UB), responsáveis pelo estudo, a “chave” reside na cooperação dos fagos, os vírus das bactérias, e genes de resistência aos antibióticos.
Os investigadores revelaram um mecanismo que permite a armazenagem de genes de resistência aos antibióticos em vírus bacterianos para transporte remoto para converter bactérias sensíveis em bactérias resistentes.
Assim, a “chave” para a propagação mundial de bactérias resistentes aos antibióticos em todos os ecossistemas, humanos, animais e no ambiente é a forma como os genes que dão resistência bacteriana aos antibióticos se propagam.
Quando são encontrados em fragmentos de ADN chamados plasmídeos multicópia, os fagos capturam de forma hipereficiente estes genes de resistência, e são capazes de transportá-los remotamente para outras bactérias, injetá-los, e transformá-los em resistência.
De acordo com as descobertas dos autores do estudo, citado pela publicação Animal’s Health, os plasmídeos multicópia são portadores dos genes de resistência aos antibióticos mais perigosos até agora, tais como carbapenemos ou a resistência à colistina.