O grupo Agris, conhecido pelas unidades de retalho especializado – Agriloja – alargou a sua área de atuação e abraçou recentemente o setor da medicina veterinária. A Agrivet é uma rede de unidades de saúde veterinária que atualmente conta com a integração de três CAMV. A expansão está na mira e o plano visa atingir as 17 unidades nacionais na sua rede. A ambição do grupo é assumida pelo diretor executivo Nuno Silva que, em entrevista à VETERINÁRIA ATUAL, fala sobre o posicionamento do grupo no mercado.
O que o fez abraçar este desafio?
A realidade do setor veterinário está a atravessar uma mudança radical em Portugal com a entrada de grupos internacionais no mercado e na “agregação” de unidades dentro desses grupos. No entanto, pelo que me parece, a mudança não vai ser tão rápida nem tão radical como se estava a prever. A noção que tenho é de que a maioria dos grupos estão a abrandar o ritmo e alguns até pararam totalmente a expansão no próximo ano.
Pessoalmente andava muito atento ao que se estava a passar no mercado com um interesse particular em poder integrar esta mudança, mas, honestamente nem tinha o grupo Agris e a Agrivet no meu radar. Confesso que tinha uma ideia completamente errada do projeto Agrivet. No entanto, quando conheci a fundo a dimensão e a ambição do plano do grupo Agris para este projeto não tive quaisquer dúvidas de que era um projeto do qual eu queria fazer parte.
Referiu que tinha uma imagem errada da Agrivet. Ao que se refere especificamente?
A perceção que eu tinha, como acredito que muitos dos colegas ainda têm, era que a Agrivet seria “apenas” um meio para que as Agrilojas (marca de lojas de retalho especializado mais conhecido do grupo) pudessem ter acesso a algumas gamas de produtos associados ao mercado pet veterinário para complementarem a sua oferta de sortido. Que as unidades Agrivet seriam “apenas” uma “testa de ferro” para abrir essa porta. Não podia estar mais errado…
  “Atualmente temos um hospital (Torres Vedras), duas clínicas (Mafra e Torres Novas) já em funcionamento e contamos abrir até ao segundo trimestre deste ano mais duas unidades. O plano geral, pelo menos para já, é conseguir alcançar as 17 unidades a integrar a nossa rede, espalhadas por todo o território nacional.” – Nuno Silva, diretor executivo da Agrivet
Então o que é, na realidade a Agrivet?
A Agrivet é a aposta do grupo económico Agris no setor da saúde/medicina veterinária.
Tal como muitos outros grupos e conglemerados, o grupo Agris identificou o potencial deste setor e mercado e decidiu apostar forte no mesmo. O grupo Agris por via das suas unidades de retalho já tinha um “grande relacionamento” e conhecimento do mercado pet e era um caminho mais ou menos natural complementar ainda mais a resposta aos seus clientes através da oferta de serviços associados aproveitando sinergias de escala e logísticas que daí pudessem recorrer.
No entanto, é aqui que acaba o relacionamento com as unidades de retalho, isto porque o projeto Agrivet é uma área de negócio totalmente independente dentro do grupo e tem o seu próprio plano e caminho a percorrer como um negócio de unidades de saúde veterinárias.
A visão para a Agrivet é criação de uma rede nacional, detida por um grupo nacional, de CAMV. A tipologia principal prevista para a expansão é a de clínicas e consultórios próprios totalmente autossuficientes em termos de meio e recursos. Por exemplo, todas as clínicas estão equipadas com meios de diagnóstico que permitem dar resposta às suas necessidades diárias (laboratórios internos, RX, ecografia) bem como com salas de cirurgia totalmente equipadas. Além das clínicas próprias, há a possibilidade forte (quase uma certeza) de abertura de unidades de tipologia hospitalar, não descartando a hipótese de aquisição de clínicas já em funcionamento.
Nas nossas unidades do tipo clínica e consultório pretendemos levar cuidados de saúde veterinários de qualidade, a preços competitivos, a todas as geografias onde nos implantarmos num conceito de veterinário de proximidade ou de família, mas munindo os profissionais de todos os meios e recursos necessários para a prática diária de uma medicina baseada em evidência (meios de diagnóstico e tratamento). A jusante contamos com as unidades hospitalares a darem apoio a esta rede de clínicas nos serviços e meios que visem complementar os serviços aí prestados.
Como prevê o futuro da Agrivet?
Bem… como diz o ditado o “futuro a Deus pertence”, mas eu diria que é um futuro ambicioso e risonho. O fato de integrarmos um grupo económico nacional forte traz ao projeto alguns fatores de alavancagem para um desenvolvimento acelerado, mas sustentado.
Atualmente temos um hospital (Torres Vedras) e uma clínica (Mafra) já em funcionamento e contamos abrir até ao segundo trimestre deste ano mais duas unidades (Leiria e Torres Novas). O plano geral prevê conseguirmos ter 17 unidades a integrar a nossa rede, espalhadas por todo o território nacional.
“Nas nossas unidades do tipo clínica e consultório pretendemos levar cuidados de saúde veterinários de qualidade, a preços competitivos, a todas as geografias onde nos implantarmos num conceito de veterinário de proximidade ou de família.” – Nuno Silva, diretor executivo da Agrivet
Já temos uma equipa operacional (veterinários e pessoal auxiliar) de 24 pessoas e estamos ativamente a recrutar para suportar o nosso crescimento previsto.
A opção da administração em trazer um novo diretor com conhecimento “no terreno” deste setor e autonomizar esta área de negócio demonstra e reforça a “crença” neste setor e a vontade de acelerar esta expansão.
Quais são, na sua opinião, os maiores desafios para os próximos tempos da Agrivet?
Bem, sem sombra de dúvida, um dos principais desafios que vamos ter está relacionado com o recrutamento e seleção de recursos humanos. Apesar de, até pelo fato de integrarmos um grupo económico forte e com políticas de RH muito bem definidas, as condições que podemos oferecer serem, tendencialmente, melhores que na generalidade do mercado, temos tido a perceção de que não será fácil captar o número de pessoas necessárias para suportar a expansão prevista. No entanto este é um desafio que não é exclusivo do projeto Agrivet mas do setor em geral.
Por outro lado, as perspetivas macro-económicas para os próximos anos não são as melhores e podem trazer alguns desafios do ponto de vista da capacidade dos tutores em investirem nos cuidados de saúde dos seus pets e isso poderá, sem sombra de dúvida ter um impacto transitório nos resultados do setor.
Por último conseguirmos organizar, da melhor maneira, tantas unidades, tantos recursos humanos e com a dispersão geográfica prevista será também um desafio que está sempre no horizonte.