O presidente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL), Rui Caldeira, defende que “as pessoas deviam fazer um curso antes de terem animais porque há muita gente que não está preparada”. A declaração surgiu no encerramento de um colóquio dedicado aos crimes de maus tratos contra os animais de companhia, organizado pela PSP e por esta faculdade, avança o jornal Publico.
Relativamente a estes cursos, detalha que deveriam de ser de curta duração – tipo pré-matrimoniais – que possam pôr os candidatos à adoção ou à compra de um animal a par de tudo o que isso implica (quer a nível de custos como de disponibilidade).
Uma alternativa aos cursos, equaciona o mesmo responsável, seriam as campanhas de sensibilização, para evitar que quem adota um animal pequeno por impulso o abandone quando vai de férias.
O dirigente académico explicou ainda as razões para a faculdade, que presta cuidados veterinários, fazê-lo aos preços de mercado. Segundo Rui Caldeira, nem a escola é subsidiada para praticar tarifas sociais nem tal faria grande sentido, por causa da concorrência desleal que isso significaria para com os seus antigos alunos.
Dessa maneira, quando os tutores veem as contas “que podem chegar às centenas de euros as pessoas deitam as mãos à cabeça e dizem que não vão pagar. Já tivemos de recorrer à polícia”, descreve ainda.
Relativamente aos maus-tratos animais, a FMV-UL já fez mais de quatro centenas de perícias a animais nos últimos seis anos, a um ritmo crescente que só abrandou em 2020, por causa da pandemia. Estas perícias são efetuadas a pedido do Ministério Público, numa tentativa de averiguar se determinado ferimento ou envenenamento foram acidentais ou provocados por alguém.
Bolsa de peritos médico-veterinários
O colóquio teve ainda presença de uma procuradora que esteve alguns anos ligada à investigação de crimes contra animais, Ana Rita Andrade. Na sua opinião, é necessário criar uma bolsa de peritos médico-veterinários que possam auxiliar o Ministério Público nos inquéritos deste tipo. Como ela não existe, os inquéritos ficam por vezes dependentes da disponibilidade dos profissionais existentes em cada localidade, normalmente dos veterinários municipais.