O diálogo em torno da osteoartrite tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Neste episódio do Podcast da Veterinária Atual vamos assinalar a sua evolução terapêutica e científica e como esta se tem refletido numa tomada de consciência mais coletiva, acrescentando valor ao trabalho desenvolvido pelos médicos veterinários.
Há mais de 17 anos a atuar na área da dor e da reabilitação, a médica veterinária Cátia Mota e Sá faz um ponto de situação da osteoartrite, doença que tem testemunhado uma evolução exponencial nos últimos anos. “Nunca se falou tanto sobre esta doença. Temos assistido a uma grande evolução, a uma tomada de consciência mais coletiva. Os detentores estão mais informados e temos sido surpreendidos com inovações, validações terapêuticas e científicas. No fundo, uma tomada de consciência que vem acrescentar valor a tudo o que fazemos como médicos veterinários”, denota.
Esta evolução tem-se refletido no surgimento de novas abordagens ao seu diagnóstico e tratamento: protocolos de estadiamento da doença e guidelines para o maneio da dor, com vista a ajudar o médico veterinária na sua atuação, contribuindo para uma maior assertividade do diagnóstico, do tratamento e prevenção.
Como exemplo, temos o Canine Osteoarthritis Staging Too (COATS), o primeiro protocolo mundial de estadiamento da osteoartrite que juntou vários especialistas mundiais e nacionais para tentar protocolar o diagnóstico da doença e, mais tarde, ter implicações positivas no tratamento consoante o estadio da mesma. De acordo com a profissional, este protocolo “veio sistematizar a abordagem ao paciente com osteoartrite, mas também aos que poderão estar em risco de desenvolver a doença, atuando de forma preventiva. Estas guidelines, desenhadas por especialistas, funcionam como um guia para auxiliar determinadas ações, ajudando-nos, médicos veterinários, a ter um consenso que reúne a maior evidência científica atual, proporcionando uma lista de ações terapêuticas muito útil”.
A World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) criou também um programa de certificação para profissionais de veterinária na área do maneio da dor. Patrocinado pela Zoetis, este é um programa mundial e de acesso gratuito. “Qualquer profissional de veterinária pode aceder a este conhecimento e fazer esta formação que engloba questionários, webinars, entre outros. É gratuito e podemos promovê-la a toda a equipa de profissionais dos CAMV”, refere Cátia Mota e Sá.
Abordagem holística do tratamento
Como doença articular degenerativa esta exige um tratamento multimodal, que não passa exclusivamente pela terapia farmacológica. É preciso, assim, uma atuação mais efetiva para que o animal tenha a melhor qualidade de vida possível. “A dor é algo transversal a todos os animais que tenham osteoartrite”, começa por referir Cátia Mota e Sá, acrescentando que à medida que a doença vai progredindo esta vai-se intensificando, “fruto da neuroplasticidade da dor, que se vai tornando crónica”. O foco apenas na componente sensorial da dor, e no seu maneio farmacológico, por vezes faz esquecer que existem outros componentes associados. Neste contexto, a médica veterinária faz referência à importância de uma abordagem mais holística, que engloba também a componente motora, medicina da reabilitação, a componente cognitiva e também a emocional.
Ouça o podcast na íntegra aqui.