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Animais de Companhia

Osteoartrite: Diagnóstico tardio prejudica a opção pelo tratamento mais adequado

Pode ser bastante limitativa no que respeita à qualidade de vida e os sinais nem sempre evidentes ou a desvalorização dos tutores podem dificultar o diagnóstico precoce. A osteoartrite (OA) pode afetar animais jovens ou geriátricos, mas existem várias alternativas terapêuticas à disposição que, em conjunto, podem ajudar a controlar a doença.

É possível prevenir a OA? Começamos com este ponto de partida que divide as opiniões dos médicos veterinários que colaboram neste artigo pois a prevenção da doença pode ser verdadeiramente desafiante. Susana Constantino, médica veterinária no Hospital Veterinário de Santarém e professora assistente Convidada na Escola Superior Agrária de Santarém considera que sim. “É possível, não só prevenir, como atenuar”. Mas para que tal aconteça é essencial conhecer os fatores de risco associados à doença e informar o tutor em conformidade. E isso passa por promover “uma alimentação equilibrada adequada à raça e à idade, o controlo de peso, o recurso ao exercício físico e, quando necessário, a realização de fisioterapia”, refere a também médica veterinária responsável pela fisioterapia e reabilitação no Hospital VetOeiras, em regime de substituição.

 

Ângela Martins, diretora clínica do Centro de Reabilitação e Regeneração Animal de Lisboa (CR2AL), fundadora e consultora do Hospital Veterinário da Arrábida /Centro de Reabilitação Animal da Arrábida (HVA/CRAA) e coordenadora da licenciatura de enfermagem veterinária do Instituto Politécnico da Lusofonia (IPLUSO) defende a apresentação de um programa nutritivo correto para as diferentes fases da vida do cão e do gato e a indução de “medidas de funcionalidade na rotina diária e exames complementares precoces na idade de quatro a seis meses, para possíveis cirurgias corretivas de modo a aperfeiçoar a biomecânica e motricidade”.

“Sem um programa de diagnóstico precoce e a respetiva abordagem terapêutica penso que não estamos a fazer um bom trabalho no maneio desta doença” – Susana Constantino, VetOeiras

 

A também docente na Universidade Lusófona defende “o trabalho conjunto entre diversas medidas, de forma gradual”. De entre estas, destaca alguns exames complementares prescritos com alguma regularidade e numa idade mais precoce. Por último, Ângela Martins defende que “os estudos genéticos onde os clubes e criadores têm e devem ter um papel seletivo quanto aos seus reprodutores”.

 

Também Joana Brito, diretora clínica da Clínica Veterinária Bola de Pêlo, considera que se pode atrasar ou aliviar a gravidade da OA e, além da alimentação de boa qualidade durante toda a fase de crescimento, especialmente em raças de grande porte, no caso dos cães, pode fazer sentido “a suplementação com condroprotectores durante o período de crescimento mais rápido e mais exigente. Prevenir o excesso de peso e fomentar a atividade física adequada ao animal em questão, também são fatores com bastante importância”. No caso dos animais que estão no exterior, a médica veterinária chama a atenção dos tutores para “o tipo de pavimento a que estão expostos (evitar zonas escorregadias) e proporcionar-lhes camas confortáveis e bem isoladas do chão”.

Mas quando nos referimos à prevenção primária, os desafios, no caso da OA, são muito relevantes. Ricardo Carvalho, médico veterinário practice manager do AniCura Santa Marinha Hospital Veterinário defende que “ao contrário do que acontece em humanos, os casos de OA primária são raros, o que torna a prevenção difícil ou impossível. O que é possível sim é adotar medidas que atrasem o desenvolvimento da OA secundária em cães”. Mas, para tal, “é indispensável um diagnóstico preciso e precoce”.

 

No que respeita à sensibilização dos tutores, Joana Brito considera que existem dois desafios atuais a combater. Por um lado, há sempre muitos temas a abordar e nem sempre é possível ao médico veterinário lembrar-se de todos. Por outro, nem sempre existe recetividade por parte dos tutores porque a aposta na prevenção implica “o investimento na prevenção de uma doença da qual aquele paciente ainda não padece. Se os recursos financeiros dos tutores dos animais não forem muito grandes, muitas vezes, não é fácil fazer com que sigam este ou aquele conselho, ainda que percebam que seria o melhor para o animal”. O segredo? Pode passar por ir insistindo e voltar ao tema sempre que possível para demonstrar aos tutores, as mais valias das medidas preventivas.

Fotografia: HVA CRAA

 

Como chegar ao diagnóstico?

Existem vários meios complementares essenciais ao diagnóstico precoce, desde logo, como adianta Ricardo Carvalho, através da “realização de estudos radiográficos específicos ou mediante métodos de diagnóstico mais avançados como a artroscopia ou a TAC. Para determinadas raças já existem inclusive estudos genéticos que se podem realizar e ajudam no diagnóstico atempado da doença”. No entanto, lamenta, esta não é a realidade mais comum pois quando o paciente vai a uma consulta aparece frequentemente “com sinais de dor, claudicação e, nessa altura, já apresenta diferentes graus de alterações irreversíveis da cartilagem articular”.

Susana Constantino lamenta que o diagnóstico seja, muitas vezes, tardio, já quando os sinais clínicos se tornam demasiado evidentes, com os animais a claudicar ou quando se tornam menos ativos. “Com frequência, os animais já aparecem com a articulação um pouco deformada e com perda de massa muscular, devido à menor atividade física ou desuso de um dos membros por dor/desconforto”, explica. Pode também haver uma causa subjacente, como um trauma de há vários anos que causou lesão na cartilagem e, mais tarde, quando é feito o diagnóstico, já existe uma dor crónica”, salienta a médica veterinária do VetOeiras.

Durante algumas consultas de rotina, Susana Constantino identifica frequentemente o crepitar ou a rigidez numa determinada articulação e sinaliza estes sinais junto dos tutores, explicando-lhes que “ainda que não seja observável uma alteração de comportamento ou o desconforto do animal, recomenda-se avançar para um exame imagiológico ou para uma consulta de ortopedia, com vista a fazer o diagnóstico e implementar o correspondente plano terapêutico, o mais precocemente possível”. Nem sempre esta sensibilização é bem-sucedida, conta-nos, pois na falta de alterações mais relevantes, os tutores acabam por desvalorizar aqueles sinais. “Outras vezes, especialmente em animais mais idosos, consideram-nos como normais para a idade dos seus animais.”

O nosso papel enquanto médicos passa por ficar bem registado de que os tutores foram informados de todo o tipo de medidas à disposição [para tratamento da OA]. E, neste caso, o tempo é fundamental” – Ângela Martins, HVA/CRAA

Ângela Martins considera que numa consulta generalista é possível prever a doença e “ainda sem sinais radiográficos” que a confirmem. “Como médicos devemos ser pragmáticos nesta temática pois a conversa habitual com os tutores pode ter consequências determinantes nos animais, particularmente na fase correta em que se deve intervir.” É que três a quatro meses podem mudar todo o cenário, reforça. “O nosso papel enquanto médicos passa por ficar bem registado de que os tutores foram informados de todo o tipo de medidas à disposição. E, neste caso, o tempo é fundamental.”

Joana Brito tem uma opinião diferente e considera que, não raras vezes, o diagnóstico é atrasado. “Se um animal, cão ou gato, com alguma idade, já não é tão ativo, ou se mexe de forma mais vagarosa, os tutores tendem a associar esses sinais à idade, e não ao facto de poderem sentir dor ou desconforto, o que faz com que não procurem ajuda de forma mais precoce”.

A partir do momento em que se chega a uma conclusão e ao diagnóstico propriamente dito, devem ser instituídas medidas “que previnam o excesso de peso, fomentem uma boa constituição corporal, ajudem no maneio da dor quando assim se justifica ou, mesmo nos casos que têm indicação para isso, o planeamento de intervenções cirúrgicas que possam ser benéficas para o paciente.”

No VetOeiras, a maior diferenciação, destaca Susana Constantino, “está na tentativa de prevenção que a equipa promove há mais de 18 anos, através dos diagnósticos precoces de displasias, tanto da anca como do cotovelo”. A OA é uma doença secundária e que começa muito cedo na vida dos cães, sublinha. “Sem um programa de diagnóstico precoce e a respetiva abordagem terapêutica penso que não estamos a fazer um bom trabalho no maneio desta doença.”

Estratégias de tratamento

O tratamento depende sempre de cada caso e da gravidade da doença. Por isso, cada paciente é tratado de forma individual. “No conceito lato de OA no cão jovem a medida deve ser de correção da biomecânica de modo a minimizar a dor”, explica Ângela Martins. Nos idosos, o HVA / CRAA tem tido grandes resultados “na medicina regenerativa com a associação de modalidade de reabilitação como o Laser classe IV, seguido de descargas elétricas das ondas-choque associadas a células estaminais, obviamente sempre com recurso à reabilitação com cinesioterapia ativa e com um papel importante na hidroterapia”.

Esta é uma doença complexa que além de ser degenerativa, progressiva e dolorosa, implica que não se deve atuar sem avaliar totalmente a articulação. “Há que ter em mente o papel de redução da dor, da inflamação (quando presente) associado à modulação e à funcionalidade demonstrada na marcha do dia a dia”, acrescenta.

Cada caso deve ser avaliado com as suas características individuais. “As estratégias de tratamento passarão não só por medicação, mas também por uma boa avaliação da condição corporal e a implementação de atividades complementares que possam ser benéficas, como a hidroterapia, a massagem, a acupuntura, a electroestimulação, entre outros”, defende Joana Brito.

Na Clínica Veterinária Bola de Pêlo, o acompanhamento dos casos de OA vai sendo realizado durante as visitas regulares dos pacientes para a realização de vacinação ou desparasitação, mas também quando os tutores se deslocam à clínica para comprar medicamentos ou suplementos e vão dando o ponto da situação. “A referenciação dá-se quando se trata de situações que requerem algum tipo de tratamento cirúrgico (por exemplo, uma ressecção da cabeça do fémur) ou para realização de eventuais tratamentos complementares”, refere Joana Brito.

O grande objetivo do tratamento, além da diminuição de sintomas passa por melhorar a qualidade de vida do animal e retardar a evolução da doença. “A inatividade dos cães, à medida que a idade avança, implica perda de massa muscular e menor lubrificação das articulações. Por isso, a fisioterapia, em cães mais velhos, é importante”, fundamenta Susana Constantino. No caso de os animais mais jovens com dor articular, a fisioterapia também pode ser benéfica porque existe “maior relutância à prática de exercício físico”.

No Hospital VetOeiras, o tratamento tem genericamente alguns objetivos enunciados por Susana Constantino, como controlar a dor, diminuir a inflamação, fortalecer os músculos periarticulares, melhorar a amplitude articular, controlar o peso, diminuir contraturas musculares adquiridas por más-posturas de compensação ou mesmo, remover alterações patológicas. É sempre “um tratamento multimodal com uma vertente farmacológica, onde podem estar incluídos os anti-inflamatórios não esteroides, os corticosteroides, os anticonvulsivos, os condroprotetores, ou outros. E, também, uma vertente não- farmacológica, a fisioterapia ou até mesmo a cirurgia.”

O médico veterinário Ricardo Carvalho lamenta que o diagnóstico precoce não seja uma realidade pois o paciente aparece frequentemente na consulta “com sinais de dor, claudicação e, nessa altura, já apresenta diferentes graus de alterações irreversíveis da cartilagem articular”.

A principal diferença que Ricardo Carvalho encontra entre animais jovens e geriátricos prende-se com as medidas que visam prevenir ou atrasar ao máximo o desgaste da cartilagem que leva ao agravamento do processo inflamatório articular. “Em cães geriátricos, a abordagem vai mais no sentido de controlar a dor e de dar qualidade de vida ao paciente.  O foco está em permitir que ele tenha um dia a dia o mais confortável possível uma vez que, normalmente são pacientes que já apresentam um grau de desgaste cartilagíneo e remodelação articular muito marcado”, destaca. Com o continuar da evolução científica e a consolidação de técnicas cirúrgicas de aplicação de próteses de anca, vão surgindo novas formas de controlar a doença.

No que respeita à fisioterapia – área coordenada por Susana Constantino no VetOeiras – inclui exercício físico, mas não só, pois as terapias podem passar por “massagens, termoterapia ou cinesioterapia, mas também pelo controlo da dor e diminuição da inflamação através de modalidades como a eletroestimulação, o LASER e os ultrassons”. É unânime entre os vários entrevistados neste artigo a medida de controlo de peso, independentemente da idade, para evitar a sobrecarga das articulações. “Entre as medidas a nível do ambiente, destacam-se as que promovam um melhor conforto e qualidade de vida ao animal, como evitar pisos escorregadios, utilizar tapetes antiderrapantes, evitar escadas e outras, a determinar caso a caso”, adianta. O acompanhamento contínuo destes animais permite ir fazendo ajustes aos protocolos terapêuticos.

Susana Constantino sublinha a diferenciação do VetOeiras através da realização de “uma cirurgia de substituição articular que realmente resolve o problema da OA, neste caso, da OA da articulação coxo femoral, através da colocação da prótese total da anca”. Até à data de fecho desta edição, o hospital já tinha mais de 120 próteses colocadas e recorrido à utilização de um sistema não cimentado produzido na Suíça.

A importância de uma equipa multidisciplinar

Como acontece em outras doenças crónicas, na OA, a equipa multidisciplinar é fundamental e o tutor é uma peça importante no trabalho de equipa. Mas como conseguir uma melhor articulação entre clínicas mais pequenas, hospitais e centros mais dedicados à fisioterapia, por exemplo? “Os CAMV de primeira opinião têm um papel preponderante na abordagem desta doença. Só com uma forte consciência para o diagnóstico precoce e educação dos clientes é que se consegue garantir que os pacientes tenham acesso a medidas que os conduzam a uma boa qualidade de vida”, explica Ricardo Carvalho. Nos CAMV de primeira linha, a sensibilização que os médicos veterinários possam fazer em termos de estilos de vida são muito relevantes. “Normalmente, os centros de referência entram na parte do auxílio ao diagnóstico (precoce ou não) e nos casos de tratamento cirúrgico e reabilitação com fisioterapia”, adianta.

Fotografia: VetOeiras

No que respeita ao controlo da situação da doença articular “não pode ser centralizado em centros de referência de reabilitação, mas sim, de forma global, começando pela formação e integração de equipas multidisciplinares em contexto médico com a mesma perspetiva atualizada e de registo científico”, defende Ângela Martins. É importante instruir o tutor a ensinar e estimular a marcha, durante 20 a 30 minutos, duas vezes ao dia, pelo menos cinco dias por semana. Há que ainda estimular o paciente a andar dentro de água como medida de baixo impacto. “É ainda importante a realização de massagens para redução de pontos de dor músculo-esquelética, introduzir a electroacupuntura, existindo colegas que a realizam em conceito de domicílio. Não esquecer o CBD, os nutracêuticos e o controlo de peso, existindo também consultas de especialidade para o maneio do pelo”.

A OA exige uma abordagem, o mais integrada possível e com diferentes perspetivas de médicos veterinários com áreas de atividade distintas. “Num hospital ou centro de referência, com a habitual disponibilidade de médico veterinário ortopedista a par de médico veterinário com atividade em reabilitação animal, no mesmo local, a sinergia e multidisciplinaridade estarão facilitadas”, refere Susana Constantino.

No caso de CAMV mais pequenos, a solução mais vantajosa, na sua opinião, pode passar por encaminhar o animal para os centros de referência para a obtenção de um diagnóstico mas preciso, seguindo-se depois o acompanhamento pelo CAMV de origem. “A realidade revela que existem já médicos veterinários que fazem ortopedia em ambulatório, em pequenos CAMV e, que, com maior ou menor frequência, acabam por acompanhar estes animais.” Será igualmente relevante que os CAMV mais pequenos disponham de “um médico veterinário com conhecimentos especializados em reabilitação animal – mesmo que não esteja de forma permanente na clínica – mas que sempre que surja um caso de animal com OA, estabeleça um plano de tratamento de fisioterapia a desenvolver pela equipa do CAMV em articulação com o tutor e com supervisão/acompanhamento regular pelo referido médico veterinário”, salienta a médica veterinária.

Em relação à formação, a docente da Universidade Lusófona, Ângela Martins defende que “a atualização nos programas universitários nas disciplinas opcionais permite que os atuais e futuros colegas mais jovens venham muito bem preparados com conceitos atualizados quanto à prevenção, tratamento de suporte e medidas de medicina física e de reabilitação”.

Terapias inovadoras

Ângela Martins refere a medicina regenerativa como uma terapia mais revolucionária, sendo o secretoma considerado “o futuro para a doença osteoarticular associado à mobilidade de baixo impacto. E, ainda, os anticorpos monoclonais, mas evitando o seu uso indiscriminado”.

“Se os recursos financeiros dos tutores dos animais não forem muito grandes, muitas vezes, não é fácil fazer com que sigam este ou aquele conselho, ainda que percebam que seria o melhor para o animal” – Joana Brito, Clínica Bola de Pêlo

No que respeita às novidades mais recentes da indústria farmacêutica, a Feel lançou recentemente o “FEELCondro® Comprimidos e o FEELCondro® Pasta, dois produtos que atuam no maneio dos casos de OA na prática clínica e que aliam a ação de ingredientes convencionais, como o cloridrato de glucosamina, o sulfato de condroitina e o colagénio nativo tipo II com ingredientes criteriosamente selecionados da natureza como a boswellia serrata e a curcuma Longa, que, em sinergia, possuem um elevado poder anti-inflamatório pela inibição da via das ciclooxigenases (COX) e da via das lipoxigenases (LOX)”, refere Diana Lourenço, médica veterinária e diretora técnica da Feel. No sentido de atuar na dor neuropática e de melhorar a qualidade de vida do animal, “a FEEL® ANIMAL WELAFARE incorporou mais um ingrediente diferenciador e inovador no FEELCondro®, a cannabis sativa L., tendo este ingrediente ação anti-inflamatória, antioxidante, poder de atuação na dor neuropática, potenciando o bem-estar geral do animal de companhia”.

A Hifarmax acaba de lançar o “Omnicondro 20® com tecnologia Easy Tab. O condroprotetor mantém a sua formulação e eficácia no controlo das doenças articulares, graças à mais elevada concentração de GAGs e extratos herbáceos anti-inflamatórios, e associa agora a tecnologia Easy Tab para uma mais fácil administração por parte dos tutores”, explica Filipe Nunes, diretor geral da empresa.

Há 20 anos a dedicar-se ao desenvolvimento de soluções inovadoras para o controlo da OA, a Hifarmax “coloca à disposição dos médicos veterinários o protocolo Omnicondro que permite um controlo superior da doença. O protocolo associa o condroprotetor Omnicondro 20/10® e Omnicondro PROrapid®, um protetor articular que possui colagénio tipo II nativo com um mecanismo inovador de imunomodulação, e ainda um forte poder anti-inflamatório pela presença de boswellia serrata e curcumina”. Ainda em 2023, a empresa prepara-se para lançar uma nova referência que irá juntar-se às soluções já existentes, antecipa o diretor geral.

A Soria Natural acaba de lançar no mercado ibérico, a primeira fase da gama Wowzen® que trata algumas das patologias mais comuns na clínica veterinária, incluindo os problemas articulares em cães e gatos. “Especificamente, Artiwow® tem uma ação anti-inflamatória, analgésica e antioxidante. Atua inibindo a liberação de mediadores da inflamação evitando a destruição da cartilagem articular. Todas as variedades do produto estão formuladas com harpago e boswelia. O harpagisídeo e o ácido boswélico, princípios ativos destas plantas medicinais, atuam em sinergia, potenciando as suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, as quais lhes permite atuar nas distintas etapas e processos biológicos que formam parte do processo inflamatório articular”, explica o country manager, Hugo Malveiro.

Além disso, “Artiwow cães® inclui curcuma e Artiwow gatos® inclui extrato fluído de urtiga verde. Quanto à urtiga verde, diversos trabalhos científicos demonstram a sua ação anti-inflamatória e remineralizante especialmente recomendada na normalização de determinados problemas degenerativos ósseos e articulares. Por outro lado, a curcuma destaca-se pela sua ação antioxidante, ajudando a neutralizar os radicais livres contribuindo para travar o envelhecimento”, acrescenta o responsável.

Neste momento, a equipa científica da Soria Natural tem em fase muito avançada de desenvolvimento, “um estudo clínico muito promissor” que Hugo Malveiro considera que pode “vir a originar um produto absolutamente inovador na prática clínica veterinária, baseado num único princípio ativo rico em colagénio, ácido hialurónico, queratina, lisozima e mais de 500 proteínas diferentes como o fator de crescimento β, desmosina e aminoácidos”.

No início de março, a Virbac lançou para o mercado um novo alimento complementar para as articulações dos cães, o Movoflex®. Este produto integra uma nova geração de condroprotetores e contém membrana de casca de ovo, ácido hialurónico, astaxantina, boswellia serrata e farinha de zooplâncton marinho (Krill). É através desta fórmula única e sinérgica, com 97% de ingredientes de origem natural, que o Movoflex® atua, permitindo observar melhorias ao nível da mobilidade em apenas sete dias e eficácia máxima ao fim de quinze”, explica Joana Gomes, product manager na Virbac Portugal.

Ainda durante este ano a empresa prevê reforçar o portefólio de nutrição animal Veterinary HPM com novas referências de alimentação húmida e seca para gatos. “Estas novas referências vêm reforçar o segmento terapêutico, seguindo o mesmo conceito high protein low carb, transversal a toda a gama.”

Além da venda de medicamentos, a Elanco procura sobretudo dar formação aos médicos veterinários, de modo que a deteção da OA seja o mais atempada possível, “oferecendo assim a possibilidade de os tutores poderem proporcionar melhor nível de vida possível aos seus animais de companhia”, explica Cláudio Mendão, DVM, technical director & brand manager pet POM. Além de muitas ações realizadas com médicos veterinários e da disponibilização de material para ajudar ao estadiamento da doença nos cães, a empresa realizou em 2022 e 2023 o encore (Elanco Orthopedic Exam). “São sessões práticas, de norte a sul de Portugal, onde convidamos um ou mais expert na área, para assistir a uma apresentação teórica e prática, do que ter em atenção e como fazer um exame ortopédico de modo a despistar a OA”, conclui o responsável.

Em junho de 2021, a Ecuphar lançou o Daxocox®, uma administração para 7 dias de controlo da dor e da inflamação da osteoartrite canina, tendo o objetivo de desenvolver uma nova solução para um dos problemas mais frequentemen­te associados aos tratamentos farmacológicos crónicos destinados a controlar a dor e inflamação na OA: o cumprimento da pauta de tratamento pelo tutor. O Daxocox® é um inibidor seletivo da COX- 2, indicado para o tratamento da dor e inflamação associadas à OA, em todos os estádios da doença desde a leve à severa. “A administração semanal do Daxocox®, um comprimido saborizado, permite um controlo consistente da dor e da inflamação, ao longo de 7 dias, através de uma formulação e po­sologia que ajuda a simplificar o tratamento e a melhorar a adesão do tutor ao cumprimento da terapêutica.”, explica Raquel Valério, Brand manager na Ecuphar Portugal.

Além da conveniência da adminis­tração semanal, o Daxocox® demonstrou melhorar a qualidade de vida dos cães com OA: 84% dos cães melhoraram a sua qualidade de vida de “má / razoável” para “boa / muito boa ou excelente” após um tratamento de 6 semanas com Daxocox® (Salichs, M., Badiella, L., Sarasola, P., & Homedes, J. (2022). Efficacy and safety of enflicoxib for treatment of canine osteoarthritis: A 6-week randomised, controlled, blind, multicentre clinical trial. The Veterinary record, 191(6), e949.).

A compliance é um dos maiores problemas na gestão de doenças crónicas, como a osteoartrite canina. Logo, um medicamento que favoreça a adesão ao tratamento por parte dos tutores, com eficácia demonstrada a longo prazo é uma opção terapêutica na abordagem multimodal à doença articular degenerativa.

Fotografia: HVA CRAA

 

Aplicar o CBD? Sim ou não?

Um estudo realizado pelo Baylor College of Medicine veio demonstrar que o uso de CBD como abordagem terapêutica é benéfica em cães com OA. E em Portugal, qual a utilização desta terapia? Ângela Martins revela que “no maneio multimodal da dor da OA tem tido resultados positivos nos casos que acompanha e com o desmame prolongado. “Conseguimos atingir graus de funcionalidade durante períodos temporais de 1,5 a 2 anos, podendo depois ter de realizar ajustes na terapêutica farmacológica e de reabilitação.” A sua utilização já acontece de forma rotineira há cerca de cinco anos “e sempre com sucesso” e destaca o papel “anti-inflamatório importante a manter mesmo num estado controlado da doença”. No entanto, o recurso ao CBD acontece apenas de forma integrada num maneio multimodal e raramente de forma isolada.

A posição de Joana Brito também é “muito positiva”, dado que as aplicações do CBD são variadas. “Já há muitos estudos que comprovam a sua grande eficácia no controlo da dor, com a vantagem de não haver contraindicações ou ter poucos efeitos secundários associados.” Tendo em conta que grande parte dos animais que sofrem de OA também são idosos “e já têm outras patologias como a insuficiência renal, a doença hepática, a diabetes, etc., também é interessante saber que podemos controlar a dor com algo que não vai comprometer ainda mais aqueles órgãos que já apresentam alguma falência”.

Ricardo Carvalho defende que o uso de canabinoides pode ter lugar na ajuda ao tratamento desta doença existindo vários estudos que apontam para o seu efeito benéfico a nível da dessensibilização para a dor crónica. “Considero que o CBD tem o seu lugar no tratamento da doença como mais uma forma de ajuda incorporada num tratamento multimodal e não como terapia única”, remata.

Na opinião de Susana Constantino, o uso de CBD é positivo pelos efeitos benéficos, nomeadamente, “ajuda no controlo da dor e da inflamação, permitindo um aumento da atividade diária e a melhoria da qualidade de vida do animal”.

*Artigo publicado na edição 170 da VETERINÁRIA ATUAL, de abril de 2023.

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