Apesar de cerca de 40% da totalidade dos gatos apresentar sinais de dor pela osteoartrite, apenas 13% dos gatos afetados são efetivamente diagnosticados. E para isto contribui a capacidade de ocultação da dor.
Joana Brito, diretora clínica da Clínica Bola de Pêlo considera que, em gatos com acesso ao exterior, com mais atividade física, a incidência será menor, pois são animais que se mantêm ativos num período muito grande da sua vida e que raramente sofrem de excesso de peso ou obesidade. “Já não se passará o mesmo com os gatos indoor, que acabam por ter pouca atividade física, tornando-se animais sedentários e com excesso de peso.”
Este estilo de vida pode levar a uma maior dificuldade por parte dos tutores em perceberem se o animal tem ou não dor. “O facto de os gatos passarem muitas horas deitados não é visto como um sinal de que o gato esteja desconfortável, mas sim como simples preguiça ou como resultado de estar a ficar mais velho”.
“Os gatos são muito mais capazes de ocultar a dor ou desconforto do que os cães”
O sedentarismo ou o excesso de peso são causas da doença nos gatos, mas também a ocorrência de acidentes. Ricardo Carvalho, médico veterinário practice manager do AniCura Santa Marinha Hospital Veterinário, acrescenta a estes fatores de risco, a idade. “Nos gatos, a situação é agravada por via dos desafios ainda maiores aquando do diagnóstico. Os felinos normalmente não apresentam claudicação ou se apresentam, são níveis de claudicação muito ligeiros que passam despercebidos aos proprietários e são muitas vezes atribuídas ao ‘normal envelhecimento’.
O facto de os felinos apresentarem, muitas vezes, “doenças concomitantes, como a insuficiência renal crónica, acaba por limitar as hipóteses terapêuticas à disposição”. Por outro lado, é “mais ou menos consensual que, os gatos são muito mais capazes de ocultar a dor ou desconforto do que os cães”.