O surto de uma doença de rápida propagação no centro animal da SPCA, em Vancouver, levou à descoberta de um novo vírus felino que afetou 43 gatos.
Tudo começou em 2018, quando, em apenas um dia, os gatos começaram com sintomas semelhantes aos de uma gastroenterite. Emilia Gordon, gestora sénior de saúde animal, admite que quando os testes deram negativo para parasitas, os responsáveis do centro ficaram verdadeiramente preocupados. De acordo com o site CBC News, Gordon referiu em comunicado que souberam em apenas alguns dias que estavam a lidar com um vírus ou uma bactéria que nunca tinha sido identificado.
O rastreio de surtos identificou dois gatos num abrigo que acabaram por introduzir a doença nas instalações de Vancouver, onde se propagou rapidamente antes de ser detetada.
Posteriormente, uma equipa de investigação da Universidade da Califórnia, em São Francisco, EUA, identificou a nova espécie de parvovírus. As descobertas foram recentemente publicadas na revista científica Viruses. O estudo Virome of a Feline Outbreak of Diarrhea and Vomiting Includes Bocaviruses and a Novel Chapparvovirus descreve na introdução que se trata de um “surto inexplicável de diarreia e vómitos em felinos, negativo para os agentes patogénicos entéricos e bacterianos comuns” e refere que foram submetidos a metagenómica viral e PCR, tendo posteriormente realizado a caraterização de amostras fecais do genoma de um novo chapparvovírus que designaram por “fechavirus” e que foi eliminado por 8 em 17 gatos afetados. A equipa refere ainda ter identificado “três bocavírus felinos diferentes eliminados por 9/17 gatos”, além de “ ácidos nucleicos atenuados de vírus de vacinas, membros do vírus felino normal, vírus encontrados em apenas um ou dois casos, e vírus provavelmente derivados da ingestão de produtos alimentares”.
De acordo com Gordon, a elevada taxa de recuperação deve-se a uma resposta rápida e a medidas de controlo rigorosas. Contudo, 2 dos 43 gatos que estavam doentes tiveram de ser eutanasiados devido a outros problemas médicos.
“Assim que percebemos que estávamos a lidar com algo fora do comum, o nosso primeiro objetivo era parar o surto, para que não adoecessem mais gatos”, explica Gordon, citada pela CBC News.
“O nosso segundo objetivo era tentar obter respostas para as nossas equipas, para os gatos e para outros abrigos e veterinários que enfrentam surtos gastrointestinais inexplicáveis em gatos.”
A gestora sénior da saúde animal refere ainda que os dados de um único surto não são suficientes para ter a certeza de que o vírus pode causar a doença, pelo que é necessário continuar a investigar.