No ano em que ultrapassou a barreira de 1000 CAMVs ativos, o laboratório Inno concretiza um desejo antigo e há muito adiado – a criação de uma comissão científica interna. Com o objetivo de se aproximar do padrão internacional, o laboratório de prestação de serviços exclusivo para o setor da medicina veterinária, quer trabalhar em conjunto com a comunidade científica e universitária, criando sinergias interdisciplinares que irão refletir-se num maior conhecimento para a classe, reforçando a aliança da equipa Inno com os seus clientes.
Colmatar a lacuna existente no mercado veterinário português
O laboratório, com sede em Braga, demorou um ano a ser construído, com a premissa de se aproximar o mais possível do melhor que se faz internacionalmente. “Quisemos sempre marcar a diferença cá em Portugal, mas com base nos bons exemplos do que se faz lá fora. Há cerca de 14 anos, a lacuna de laboratórios veterinários no mercado português era grande. Existiam secções de veterinária dentro dos laboratórios de medicina humana. Sempre que o médico veterinário queria algo mais específico, via-se obrigado a enviar para o estrangeiro, sobretudo para Espanha. Na maioria dos casos não se recorria sequer a análises, praticava-se uma medicina veterinária empírica”, refere o diretor executivo do Laboratório Inno, Bruno Filipe Pina, acrescentando que as razões para a forma como se atuava na altura têm de ser enquadradas – “não existiam tantas clínicas e o perfil dos tutores e as necessidades que estes exigiam eram diferentes”. A diretora científica do Laboratório Inno, Paula Brilhante Simões, sublinha que “esta lacuna era real para a maioria das clínicas e médicos veterinários”. Os médicos veterinários que “queriam trabalhar com outras condições não tinham a quem se dirigir”.
Da interpretação aos resultados
O laboratório Inno tem privilegiado o apoio técnico e clínico aos seus clientes. Mais do que fornecer análises, há uma constante preocupação com a interpretação dos resultados. “Atualmente, temos um médico veterinário dedicado diariamente a esclarecer os nossos clientes. Estamos sempre dependentes da informação que nos fornecem, mas tentamos sempre dar uma perceção alargada do estado do animal. Ajudamos na interpretação do resultado e os clientes confiam no nosso aconselhamento técnico”, refere Bruno Filipe Pina. A recolha das amostras fica a cargo do centro de logística, que inclui transportadoras especializadas. Já a preocupação com a qualidade dos materiais utilizados é constante e permite que “a jusante os resultados sejam melhores”. “Depois da recolha, os clientes podem acompanhar o estado da amostra em tempo real, através de um software próprio que faz essa gestão”, revela.
O Inno é composto por 30 pessoas que se distribuem pelo departamento administrativo, pelo centro logístico e pelo próprio laboratório – este ocupa mais de 2/3 da equipa.
Alargar horizontes, aumentar conhecimento
A ideia de criar uma comissão científica já era um desejo antigo da direção do laboratório Inno, mas a rotina e o volume de trabalho foram-se sobrepondo à sua concretização. O objetivo assentava, mais uma vez, em seguir o padrão internacional. “Copiámos o que se fazia lá fora, esse era o nosso propósito”, refere Bruno Filipe Pina.
A criação de uma comissão científica interna tem como propósito estreitar a relação do mercado laboratorial com os especialistas e com a comunidade científica e universitária. “Estas pontes vão contribuir para dinamizar e acrescentar valor tanto aos investigadores e aos patologistas e clínicos, mais focados na vertente documental, como a nós [laboratório], mais habituados à prática”, afirma o diretor executivo.
  “Estas pontes vão contribuir para dinamizar e acrescentar valor tanto aos investigadores e aos patologistas e clínicos, mais focados na vertente documental, como a nós [laboratório], mais habituados à prática” – Bruno Filipe Pina
A médica veterinária, Paula Brilhante Simões, e atual líder da comissão científica, assumiu o cargo de diretora técnica da Inno, entre 2008 e 2021. “A direção técnica requer muita atenção, houve várias tentativas, mas mostrou-se difícil pôr em prática as ideias que tínhamos. Queríamos criar uma comissão mais alargada e visível fora do laboratório porque, até aí, agíamos apenas do ponto de vista interno − periodicamente discutíamos casos que nos pareciam interessantes”.
Composta por três médicos veterinários internos, a comissão científica pretende fomentar a ligação com os clientes, aproximando o laboratório das clínicas. Além da diretora, Paula Brilhante Simões, também fazem parte da equipa da comissão científica a responsável pelo laboratório de microbiologia, Andreia Garcês, e o patologista e doutorando, Filipe Sampaio. “Queremos chamar ao laboratório colegas especialistas que possam trazer conhecimento à equipa da Inno e que, naturalmente, irá refletir-se no conhecimento que a equipa pode prestar aos colegas dos CAMV.
As sinergias com as universidades já aconteciam, particularmente com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Contudo, agora, pretende-se alargar os horizontes. Paula Brilhante Simões revela que “já existem alguns temas em discussão e que, embora ainda não estejam fechados, poderão vir a ser na área da hematologia e oncologia”. Estão previstas duas reuniões anuais com as universidades e com os parceiros especialistas. “Nestas reuniões pretendemos criar dinâmica, partilhar conhecimento e promover discussões transversais e interdisciplinares, de forma a chegarmos à excelência dos nossos serviços”, conclui.
Estão previstas duas reuniões anuais com as universidades e com os parceiros especialistas. “Nestas reuniões pretendemos criar dinâmica, promover discussões transversais e interdisciplinares, de forma a chegarmos à excelência dos nossos serviços” − Paula Brilhante Simões
Augusto Silva é o novo diretor técnico do laboratório Inno
A transição de Paula Brilhante Simões − anterior diretora técnica, que agora é líder da recém-criada comissão científica −, abriu caminho para a nomeação de um novo diretor técnico, o médico veterinário Augusto Silva.
O profissional, que está na Inno desde a fundação − há mais de 13 anos − “já desempenhava muitas das funções inerentes ao cargo e pretende continuar à frente do atendimento aos clientes”, revela o diretor executivo do laboratório, Bruno Filipe Pina.
Augusto Silva explica que “ao longo de todos estes anos, conseguimos ganhar o voto de confiança dos colegas. Eu e os outros médicos veterinários da equipa atendemos diariamente dezenas de chamadas de apoio ao diagnóstico e estabelecemos uma relação de amizade com muitos clientes”.
Por outro lado, Bruno Filipe Pina afirma que as mudanças, levadas a cabo este ano, têm sido muito positivas. “O Augusto está connosco desde o início e é um exemplo de dedicação e excelência. Sob a sua direção, conseguimos assegurar uma continuidade ao trabalho que é feito”.
*Artigo publicado originalmente na edição 147, de março de 2021, da VETERINÁRIA ATUAL.