O quarto inquérito da empresa de estudos de mercado CM Research sobre os efeitos da pandemia no exercício da profissão veterinária pelo mundo revela que, apesar de apoiarem os médicos veterinários, os fabricantes do setor poderiam fazer mais para minimizar o impacto da crise.
Os profissionais veterinários dos oito países inquiridos no estudo queixam-se de que não estão a receber o apoio da indústria em procedimentos como as atualizações de stock, apoio ao cliente, flexibilidade de pagamentos e aconselhamento sobre a falta ou escassez de materiais.
Por outro lado, o estudo (que não inclui a recolha de dados em Portugal) identificou alguns benefícios para os animais de companhia gerados pela pandemia, como a maior sensibilização dos detentores para o estado de saúde dos animais e para a deteção precoce de problemas. Contudo, os veterinários apresentam sinais preocupantes, como níveis de stresse elevados que, associados ao aumento da carga de trabalho, podem ter um efeito a longo prazo nestes profissionais, sendo que alguns decidiram agora abandonar definitivamente a profissão.
Apesar de a preocupação em termos profissionais ter registado uma tendência decrescente, esta continua a ser superior à preocupação pessoal na maioria dos países, especialmente no Reino Unido e Espanha.
Espanha registou, no entanto, uma diminuição significativa das preocupações profissionais em comparação com os estudos anteriores.
Quanto às perspetivas para o futuro, em geral são mais positivas. Todos os países registaram um aumento daqueles que afirmam esperar que as coisas melhorem ao longo das próximas semanas. Contudo, a maioria dos veterinários refere ter perdido rendimentos, e muitos, especialmente no Reino Unido, estão a trabalhar remotamente.
Em relação às medidas de contenção, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) continua a ser uma das medidas mais generalizadas em todo o mundo, com exceção da Austrália. Em Itália e em Espanha, verificou-se se uma diminuição no número de pessoas que indicavam que só eram permitidos nas clínicas “casos de emergência”.
A telemedicina e os pagamentos apenas em cartão continuam a ser muito mais frequentes nos países de língua inglesa. Segundo o estudo, tem-se registado também uma recuperação do número de visitantes nas clínicas, bem como um aumento das receitas.
Em França, as clínicas reportaram um aumento de clientes, receitas e de disponibilidade de pessoal, bem como Espanha, embora o crescimento tenha sido menos acentuado.
De acordo com os médicos veterinários, muitos dos procedimentos de rotina tinham sido suspensos, sendo que apenas a eutanásia se mantinha inalterada. As vacinas tinham sido reduzidas ou interrompidas, especialmente em França, onde quatro em cada dez veterinários refere ter suspendido a vacinação.
Independentemente de a maioria das expectativas se manter estável em relação ao inquérito anterior, verifica-se uma diminuição das expectativas de racionamento e de flexibilidade no pagamento.
Apesar de os webinars serem cada vez mais frequentes, são mais os veterinários que apontam ter este tipo de apoio do que aqueles que realmente o queriam ter.