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Animais de Companhia

“Há cada vez mais especialização de colegas em bem-estar e comportamento animal”

O médico veterinário da Royal Canin reforça a especialização das equipas veterinárias, cada vez mais despertas para o bem-estar animal.

Recentemente foram divulgados os resultados do estudoPrimeiros momentos com os animais de estimação” da Royal Canin, que revelou a importância do médico veterinário no bem-estar animal para a maioria dos portugueses. Em conversa com a VETERINÁRIA ATUAL, o médico veterinário da Royal Canin, Thierry Correia, detalha as principais conclusões do estudo e reforça a especialização das equipas veterinárias, cada vez mais despertas para o bem-estar animal.

O bem-estar animal tem sido amplamente discutido no setor veterinário e são cada vez mais comuns os posicionamentos nesta área por parte de instituições nacionais e internacionais. De que forma é que este fenómeno se reflete nos números concluídos neste estudo?

Um dos dados mais significativos do estudo da Royal Canin revela que 68,7% dos inquiridos considerarem que o seu animal de estimação é já um membro da sua família, sendo até fundamental para a mesma. Aliás, 53,6% apontam que o principal motivo da vinda deste para sua casa é o amor e o carinho que sentem pelos animais e isto é de realçar. No geral, podemos concluir que o público tem vindo a apresentar uma preocupação crescente relativamente à forma como os animais são tratados na sociedade e à promoção de um nível elevado de bem-estar animal.

Existe também uma crescente preocupação por parte dos médicos veterinários, em proporcionar experiências positivas aos animais? De que forma é que pode ser feito?
 

Claro que sim e no estudo vemos que 61% dos portugueses responderam que o médico veterinário é um aliado essencial para garantir o bem-estar do seu animal de estimação.

Um dos compromissos do médico veterinário é precisamente o bem-estar do animal e a preocupação de um estado positivo em todos os momentos de interação com o médico veterinário, atendendo às suas necessidades físicas e comportamentais, principalmente quando lhe são oferecidos cuidados médicos na clínica veterinária, por exemplo.

 

Como sabemos, a preocupação com o bem-estar dos animais é uma parte essencial da prática da medicina veterinária. Os tutores irão preferir sempre um ambiente clínico onde o seu animal de companhia seja bem cuidado e não se releve ansioso durante a visita. Acontece que, por vezes, cão ou gato podem ficar com alterações de comportamento na sequência de qualquer procedimento que inclua uma contenção física. É então importante manipular cuidadosamente e tranquilizar adequadamente sempre que necessário. Isso vai ajudar a evitar interações desafiantes e que promovam a ansiedade e melhorar o bem-estar, tanto para gatos, como para cães.

“Os tutores irão preferir sempre um ambiente clínico onde o seu animal de companhia seja bem cuidado e não se releve ansioso durante a visita”

 

O bem-estar dos animais constitui um tema emotivo, principalmente para os tutores. No entanto, devemos recordar que bem-estar não é apenas sinónimo de saúde física, é essencial que consideremos os aspetos psicológicos e comportamentais da saúde. Em particular, a forma como o animal sente (ou seja, o seu estado psicológico ou mental) tem uma importância vital para um bem-estar animal positivo.

“O bem-estar dos animais constitui um tema emotivo, principalmente para os tutores. No entanto, devemos recordar que bem-estar não é apenas sinónimo de saúde física, é essencial que consideremos os aspetos psicológicos e comportamentais da saúde. Em particular, a forma como o animal sente (ou seja, o seu estado psicológico ou mental) tem uma importância vital para um bem-estar animal positivo”

Quais foram as principais conclusões do estudo?
 

Tornou-se evidente que os períodos de confinamento beneficiaram os vínculos entre tutor e animal de companhia, já que 26% dos inquiridos referiram ter “mimado mais” o seu gato ou cão e cerca de 20% admitiram ter dedicado mais tempo à educação e prestado mais atenção à saúde e alimentação do seu animal.

Já 53% indicou ter recorrido ao veterinário para esclarecer dúvidas sobre a dieta, saúde e educação do seu animal de estimação.

Os entrevistados deixaram ainda claro que cuidar da alimentação dos seus gatos ou cães é uma questão fundamental. Assim, quase 90% apontaram este fator como muito importante para a prevenção de doenças ou problemas nutricionais dos seus animais de companhia e, em geral, para a sua saúde. É um aspeto que procuram conhecer desde o início da sua convivência com o animal e que aplicam ao longo da sua vida. Nesse sentido, quando procuram um alimento ou produto para os seus animais de companhia, 56,6% dos portugueses afirmam que têm em conta a qualidade deste.

Também 45,1% das pessoas afirmaram não ter encontrado nenhum fator que os impedisse de adotar um animal de companhia.

No entanto, e apesar da relevância dos primeiros momentos com o animal, 73,7% dos entrevistados indicaram não ter feito qualquer tipo de preparação antes da chegada do gatinho ou cachorro à sua casa. Sendo que esta preparação antes da chegada é fundamental, ou seja, entender as características e necessidades do animal é essencial para garantir o seu bem-estar e que este vai crescer num ambiente saudável.

Considera que o papel do médico veterinário tem mudado ao longo dos anos?

Sem dúvida que o papel do médico veterinário é fulcral e tem vindo a mudar ao longo dos anos, sendo natural que isso aconteça. Cada vez mais os Centros de Atendimento Médico-Veterinários (CAMV) têm reforçado as recomendações de bem-estar animal. Atualmente, é frequente encontrarmos CAMV exclusivamente dedicados a gatos por exemplo, há cada vez mais interesse e especialização de colegas na área de bem-estar e comportamento animal. Os hospitais, clínicas e consultórios veterinários com instalações pensadas e equipas treinadas para melhorar a experiência da visita dos animais de companhia e dos seus tutores à consulta veterinária.

“Atualmente, é frequente encontrarmos CAMV exclusivamente dedicados a gatos por exemplo, há cada vez mais interesse e especialização de colegas na área de bem-estar e comportamento animal. Os hospitais, clínicas e consultórios veterinários com instalações pensadas e equipas treinadas para melhorar a experiência da visita dos animais de companhia e dos seus tutores à consulta veterinária”

Que diferenças destaca neste sentido (do ponto de vista da sociedade e do detentor)?

Como já dito anteriormente, o médico veterinário é visto hoje como um pilar fundamental no aconselhamento por forma a garantir o bem-estar do animal de companhia. Os tutores depositam em nós muita confiança para cuidar dos seus animais e para dar as melhores dicas e conselhos no que concerne a nutrição, socialização, treinos, vacinação, higiene.

Por exemplo, é necessário ver qual a dieta mais adequada para cada animal: a dieta dos cães e gatos deve suprir as suas necessidades fisiológicas e comportamentais. Temos de avaliar a nutrição mais adequada mediante a variação do peso, condição corporal e uma ingestão adequada de alimento e água.

No seu ponto de vista o que ainda há a melhorar no setor veterinário?

O sucesso da medicina veterinária passa pelo conhecimento, respeito e, acima de tudo, paixão pelos animais. O gosto e entusiasmo pela educação/formação dos tutores de gatos e cães; e uma atenção especial com marketing sensorial que tornará a experiência positiva do tutor e do seu animal de companhia. Há que melhorar a utilização de meios digitais como, por exemplo, a telemedicina ou de comunicação/educação numa estratégia assente em marketing digital. Cada visita tem que ser uma experiência positiva para influenciar o poder de recomendação. É fundamental envolver toda a equipa, médicos veterinários, enfermeiros e rececionistas. Que cada membro da equipa seja autónomo e muito bem treinado em bem-estar e na abordagem aos animais de companhia e aos seus tutores.

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