Cientistas dos Estados Unidos e do Japão anunciaram que, em laboratório, os gatos podem ser facilmente infetados pelo SARS-CoV-2, podendo até transmitir o vírus a outros gatos. Contudo, os resultados apontam que o vírus não é letal e que os gatos o eliminam, sem apresentarem sintomas ou desenvolverem a doença.
O trabalho foi publicado a 13 de maio no New England Journal of Medicine.
O professor de ciências patológicas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Wisconsin, Yoshihiro Kawaoka, liderou o estudo, no qual os investigadores infetaram três gatos com o vírus SARS-CoV-2 isolado de um paciente humano infetado.
No dia seguinte, os investigadores realizaram esfregaços às fossas nasais dos gatos e conseguiram detetar o vírus em dois dos animais, sendo que em três dias o vírus foi detetado em todos os gatos.
No dia seguinte ao da administração do vírus nos três primeiros gatos, os investigadores colocaram um segundo gato – sem ser infetado – em cada uma das suas gaiolas.
Todos os dias, os investigadores recolheram esfregaços nasais e retais dos seis gatos para identificar a presença do vírus. Ao fim de dois dias, um dos gatos “saudáveis” acusou a presença do vírus no esfregaço nasal, e, ao fim de seis dias, todos os gatos acusaram positivo para a presença do vírus no esfregaço nasal. Porém, nenhum dos esfregaços retais acusou positivo.
Apesar de os gatos testarem positivo para a presença do vírus no fim de um período máximo de seis dias, este não foi letal e nenhum dos gatos apresentou sinais de desenvolvimento da doença. Todos os felinos acabaram por eliminar o vírus.
Kawaoka está agora a ajudar a liderar um dos esforços para criar a vacina humana contra a covid-19, chamada CoroFlu.
Também a equipa do Harbin Veterinary Research Institute, na China, foi recentemente responsável por um estudo no qual os investigadores infetaram em laboratório gatos e outros animais com o vírus SARS-CoV-2. A pesquisa sugeriu que gatos e furões são suscetíveis à infeção por este vírus. Contudo, várias instituições e profissionais apelaram à cautela na interpretação dos resultados do estudo, que foi publicado sem ter sido revisto por pares.
Apesar destas transmissões felino a felino, continua a não existir, até ao momento, qualquer indicação de que os animais de companhia possam transmitir covid-19 a seres humanos.