Os animais de companhia podem contrair a covid-19, através de contacto com humanos infetados com a doença. O estudo português, que foi publicado na revista científica Microorganisms, revela que os gatos são mais propensos a ter sintomas e os cães têm maior carga viral, avança a CNN Portugal.
“A covid-19 é agora uma zoonose reversa”, ou seja, uma doença que passa de animais para pessoas e agora de pessoas para animais, explicou uma das autoras do estudo e também investigadora no Centro Investigação Vasco da Gama, Isabel Fidalgo-Carvalho.
A especialista explica também que o estudo veio mostrar que “o grande contacto” que há entre tutores e animais de companhia é um foco de contágio para cães e gatos, mas que nem o cão nem o gato transmitem o vírus para os humanos. Os confinamentos – “em que os animais foram o grande apoio dos humanos”, diz – pode ter sido um momento mais propenso a esta passagem do vírus dos tutores para os animais.
Resultados em pormenor
A investigação analisou 217 animais de companhia (148 cães e 67 gatos) de cinco distritos portugueses: Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra. Para o estudo foi feita uma sinalização completa de história clínica de cada animal, bem como a exposição dos animais ao novo coronavírus. Foram feitas ainda colheitas de sangue entre o final de 2020 e início de 2021.
22 dos animais (15 gatos e sete cães) tinham anticorpos contra o SARS-CoV-2. Dos gatos, sete (46,67%) viviam em casas cujos tutores estavam infetados, dois (13,33%) tinham estado em contacto com gatos vizinhos (e não testados) cujos tutores estavam também infetados, outros dois (13,33%) viviam numa casa com tutores negativos e um (6.67%) residia com outro gato não testado na mesma habitação. No caso dos cães, quatro (57,14%) partilhavam casa com tutores infetados com o SARS-CoV-2 e os outros três não.
No que diz respeito à transmissão entre animais, destaca Isabel Fidalgo-Carvalho, o estudo veio também reforçar a teoria de que os gatos contagiam outros gatos. “Já há estudos experimentais [sobre contágio entre gatos], no nosso estudo, os gatos com donos positivos apareceram positivos [ao SARS-CoV-2] e outros apareceram positivos e não sabemos onde foram infetados nem como”, podendo o contacto entre felinos ajudar a explicar.
Com resultados já apurados quanto ao impacto da variante Alpha (a segunda mais severa) nos animais de companhia, os investigadores portugueses preparam-se agora para avançar com estudos sobre o impacto que a Ómicron pode ter.