A criação cuidadosa de dálmatas pode reduzir a surdez nestes cães, que têm um risco crescente de sofrer do problema em comparação com outras raças.
A conclusão foi do estudo Decline in prevalence of congenital sensorineural deafness in Dalmatian dogs in the United Kingdom, realizado por investigadores do Kennel Club (o clube de canicultura do Reino Unido) e da instituição de solidariedade Animal Health Trust.
Os investigadores examinaram 26 anos de dados de testes auditivos e concluíram que a surdez na raça decresce como consequência de decisões cuidadosas de criação.
No Journal of Veterinary Internal Medicine, os pesquisadores descrevem o estudo, que envolveu cerca de nove mil dálmatas registados no Kennel Club.
A forma de surdez presente nos dálmatas é herdada e afeta a função de um ou ambos os ouvidos.
A audição dos cães pode ser verificada desde jovens através de um teste BAER (Brainstem Auditory Evoked Response). Os criadores podem usar os resultados deste teste para selecionar para reprodução os cães não afetados e assim reduzir o risco de criar cães que sofram de problemas auditivos.
No estudo, os investigadores analisaram as descrições físicas dos cães registadas durante o teste BAER e descobriram que cães com olhos azuis têm maior risco de surdez, enquanto aqueles que têm uma mancha de cor na cabeça têm um risco reduzido de surdez, o que confirma resultados de estudos anteriores.
Durante 26 anos o número de cães com olhos azuis diminuiu, enquanto aqueles com uma mancha de cor na cabeça aumentaram, descobriram os cientistas.
“A nossa pesquisa mostra que os genes de um dálmata podem influenciar o risco de surdez nos seus filhos”, comentou Tom Lewis, geneticista quantitativo e gestor de Pesquisa Genética do Kennel Club, citado pelo MRCVS Online. “Suspeitamos que há vários genes e outros fatores que interagem e influenciam o risco de perda auditiva de um cão, portanto reduzir a surdez na raça não é tão simples quanto parece.”
“A análise mostra que, durante décadas, os criadores de dálmatas têm vindo a reduzir ativamente a incidência da perda auditiva na raça, selecionando cuidadosamente os cães, não só com base na sua capacidade de audição, mas também em outros traços conhecidos que influenciam esta situação. Os clubes e criadores de raça têm feito um trabalho incrível na redução da prevalência da perda auditiva e, com os dados do nosso novo estudo, esperamos poder ajudar a encontrar formas de ajudar a ter um impacto ainda maior na saúde da raça.”