As espécies migratórias desenvolvem-se mais rápido, reproduzem-se mais cedo e morrem mais jovens. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Aves e os mamíferos migrantes vivem mais depressa do que os residentes”, desenvolvido por uma equipa de investigadores do Reino Unido, Espanha e Portugal.
O estudo analisou mais de 1 000 espécies de pássaros e mamíferos e investigou a ligação entre os comportamentos migratórios e as histórias de vida dos animais.
Árvore filogenética de mamíferos e pássaros
“Depois de controlarmos os padrões de latitude e evolução, descobrimos que as aves e mamíferos migratórios têm ritmos de vida mais rápidos do que os seus parentes não migratórios. Entre as espécies que nadam e caminham, os migrantes tendem a ter um tamanho corporal maior, enquanto nas espécies voadoras os migrantes são mais pequenos”, pode ler-se no artigo científico publicado na Nature Communications.
De acordo com autores do estudo, “ao darem prioridade à reprodução em vez da sobrevivência, as espécies com histórias de vida mais rápidas têm o potencial de aumentar os números mais rapidamente, atenuando assim os riscos de aumento da mortalidade estocástica durante a migração”.
Neste sentido, “a menor esperança de vida das espécies migratórias pode ser um resultado inevitável de um estilo de vida intenso e/ou aumento da mortalidade estocástica. No entanto, a ideia de que o aumento da produção energética reduz a duração de vida continua a ser controversa”, consideram os autores especialista.
Quanto ao tamanho corporal das espécies, os investigadores acreditam que isso tem que ver com o facto de só os animais maiores poderem armazenar energia suficiente e usá-la de forma eficiente para possibilitar grandes migrações terrestres e oceânicas. Já as espécies migratórias que voam tendem a ser mais pequenas, uma vez que um tamanho maior prejudica o voo em termos de gasto energético.
De acordo com os especialistas, estas descobertas podem explicar o motivo pelo qual muitas espécies migratórias estão em declínio, uma vez que vidas “mais rápidas” podem tornar os animais menos capazes de se adaptarem às mudanças nos habitats e no clima.