Em Portugal existem cerca de 7 mil veterinários no ativo e o nosso País já é considerado como aquele que tem maior percentagem de veterinários por habitante na Europa. A falta de médicos veterinários, contudo, ainda ecoa no seio do setor, fruto da crescente migração de profissionais para o estrangeiro. No Podcast da Veterinária Atual, Carla Teixeira Martins, diretora clínica da Onevetgroup Clínica Veterinária de Canidelo, destaca os números demográficos da veterinária em Portugal e alerta para a necessidade de maior investimento, especialização e valorização dos profissionais mais jovens.
Existem atualmente oito cursos de medicina veterinária em Portugal, que formam, anualmente, cerca de 400 médicos veterinários – número considerável tendo em conta a dimensão do nosso País. Carla Teixeira Martins compara com a época em que começou a trabalhar, em que existiam apenas duas faculdades de medicina veterinária. “Nessa altura eram formados de acordo com as necessidades do País, agora, com as oito faculdades a funcionar, são lançados todos os anos cerca de 400 médicos veterinários para o mercado”, o que, na perspetiva da profissional, gera pressão no setor e concorrência nos serviços.
Dos 7 mil veterinários no ativo, 3 800 estão ligados à clínica de pequenos animais. Mantendo o olhar nos dados demográficos do setor, a diretora clínica da Onevetgroup Clínica Veterinária de Canidelo, reforça ainda a força feminina da classe. “2/3 são mulheres e, se nos referirmos à classe mais jovem, a percentagem de médicos veterinários do sexo feminino chega mesmo aos 80%.” Existem cerca de 1800 CAMV abertos, sendo que cerca de 5% são detidos pelos grandes que estão em Portugal. Além disso, Carla Teixeira Martins nota um dado importante: “Portugal é o País da Europa com maior percentagem de veterinários por habitantes, sendo que a média da Europa é de 0,4 por cem habitantes e o nosso país tem uma média de 0,6”.
Investimento, especialização e valorização − Mudar o paradigma do setor
Traçado o cenário demográfico da classe veterinária, quais poderão ser as melhores práticas para o alinhar? Investimento, especialização e valorização são as respostas identificadas pela diretora clínica para fazer face ao fenómeno da emigração que assola a classe. “Investimento na formação e no negócio, com melhoria dos locais de trabalho, tornando-os mais aprazíveis, e aposta na inovação tecnológica”, com a premissa latente de gerar mais valor na profissão, que, na opinião de Carla Martins, continua a ser pouco valorizada pela sociedade em geral. “Só desta forma vamos conseguir aumentar o salário médio do médico veterinário, que atualmente é baixo especialmente para os recém-licenciados”, ressalta. A aposta nos profissionais mais jovens irá, com certeza, abanar a estrutura do setor, com impacto futuro positivo, e esta visão não tem que ver apenas com salários, mas com progressão de carreira e reconhecimento.