Tal como tinha previsto há largos meses, os movimentos de consolidação de mercado estão aí! Começaram mais tarde do que estava à espera, mas com muito mais intensidade, existindo já várias dezenas de empresas adquiridas ou fundidas a grupos de média ou grande dimensão, principalmente multinacionais.
Tenho defendido há muitos anos que a compra de estruturas é sempre melhor do que a fundação de novos CAMVs num mercado maduro como o nosso, e em que o principal recurso é o conhecimento acumulado das equipas (um ativo intangível valioso, raro e inimitável).
Obviamente que, como em tudo, há bons e maus negócios, sendo que por vezes os complexos processos de “due deligence” realizados por equipas de financeiros são manifestamente insuficientes para abarcar toda a complexidade de um negócio veterinário detido e gerido por médicos veterinários!
As opiniões que tenho recolhido junto dos colegas e clientes, relativamente a este assunto têm sido muito díspares, sendo ainda um pouco tabu para alguns falarem do assunto. Mas o comboio está em marcha e não podemos continuar a meter a cabeça na areia e fingir que a situação não existe!
Como sabem, gosto muito de estudar e discutir os problemas económicos atuais e futuros, e como não poderia deixar de ser, vou partilhar convosco algumas considerações sobre o tema, da forma o mais isenta possível (vou tentar ser o mais imparcial que se pode ser, mesmo estando diariamente em contacto que este tema como consultor, professor e investidor em medicina veterinária).
Como sempre, estou disponível para discutir estes e outros assuntos relevantes para a atualidade dos nossos negócios!
Posto isto, apresento-vos uma análise SWOT na ótica de um grupo multinacional:
Para os CAMVs em geral, a “ameaça” desta entrada, pode ser uma boa oportunidade. Para muitas empresas, é a oportunidade de melhorarem as suas vantagens competitivas e consequentemente os seus resultados, enquanto para os empresários pode ser a oportunidade de venderem os seus CAMV e quem sabe aumentarem a sua qualidade de vida pessoal e realizar o tão desejado valor que não obtiveram durante anos.
No entanto, a questão que mais frequentemente me colocam tem a ver com os que se querem manter independentes! Neste caso, também não me parece ser o fim do mundo, até porque desde cedo me habituei a transformar ameaças em oportunidades e fraquezas em forças!
Posto isto, deixo-vos uma SWOT com o meu ponto de vista para este tipo de CAMVs:
Para terminar, gostaria apenas de partilhar a minha experiência com grandes grupos económicos, em que consigo identificar dois extremos:
De um lado temos os grupos puramente financeiros que pretendem consolidar mercado e que compram hoje, para venderem amanhã com lucro (após reestruturações mais ou menos profundas das empresas)! O objetivo é “restaurar” e vender, no mais curto prazo possível. A grande maioria dos seus colaboradores são da área das finanças!
No outro, teremos os grupos com uma estratégia bem definida e consolidada em que o mais importante é a missão e visão de cada empresa, sem ter tanto em conta os lucros. São grupos que pretendem rentabilidades a longo prazo, com um longo trabalho pela frente! Geralmente têm muitos médicos veterinários em lugares de gestão!
Os restantes encontram-se algures no meio desta escala!
Só me resta desejar-vos bons negócios e muita tranquilidade para o futuro próximo!
*Ricardo Almeida, professor universitário, DVM, MBA, diretor clínico Vet Póvoa, consultor Stratvet
*Artigo de opinião publicado originalmente na edição n.º 154 da revista VETERINÁRIA ATUAL, de novembro de 2021.