Assim foi a 17ª edição do Congresso Internacional Veterinário Montenegro, que mesmo adiado uns meses devido à pandemia, conseguiu manter o seu compromisso anual. Com foco na medicina interna, a edição deste ano não deixou escapar a estratégia One Health, numa união de esforços que se traduziu num momento artístico sobre o tema.
As portas do Europarque, em Santa Maria da Feira, voltaram a abrir-se para o Congresso Internacional Veterinário Montenegro, mas, desta vez, uns meses depois do habitual. A pandemia adiou a concretização presencial do evento – habitual em fevereiro – para este não perder a sua essência. Nas palavras do presidente do congresso, Luís Montenegro, esta reside na “troca de ideias e no contacto direto entre os pares”.
Entre os dias 22 e 23 de outubro, estiveram presentes mais de 1900 congressistas, entre 1004 médicos veterinários, 236 enfermeiros veterinários, 54 auxiliares de veterinária, 511 estudantes e cerca de 140 outros profissionais. Não foi o ano com mais afluência, mas foi o que verificou uma maior procura, o que acabou por levar a organização a fechar as inscrições por convite, para não pôr em causa o compromisso assumido com as autoridades sanitárias. Ainda assim, o número planificado foi excedido, o que “trouxe alguns detalhes logísticos”, pelos quais, Luís Montenegro, “pede desculpa”.
A organização desta edição mostrou-se mais desafiante que as anteriores, pela incerteza pandémica, mas a “astúcia” da equipa organizadora acabou por ser recompensada. A adaptação à nova realidade exigiu uma maior planificação, o que poderá traduzir-se numa maior eficácia para as edições futuras. “Esta pandemia tem de deixar algo de positivo e, neste caso, contribuiu para que assumíssemos novas estratégias de planificação e da capacidade de participantes, que passa também por uma melhor gestão dos serviços complementares e do espaço das refeições.”
Foram 35 os oradores que passaram pelas quatro salas disponíveis no evento: as habituais Salas de Medicina e Enfermagem, a recente Sala One Heatlh e a novidade deste ano, a Sala de Medicina Veterinária Baseada na Evidência. O médico veterinário Rodolfo Oliveira Leal foi eleito melhor orador pelo público que votou através da aplicação do congresso.
One Health: A grande bandeira do evento
A Sala One Health já não foi novidade, mas este ano a abordagem assumiu outros contornos e incluiu uma sessão de pintura dedicada ao tema. A iniciativa promovida pela empresa de saúde humana e animal KimiPharma e a Escola de Arte Utopia do Porto deu mais cor ao átrio do Europarque e não passou despercebida pelos congressistas, que puderam acompanhar em tempo real a criatividade dos pintores ao reproduzirem a sua visão sobre o conceito Uma Só Saúde. A atual pandemia tornou o tema ainda mais emergente − impondo-se um maior aprofundamento − que acabou por ser a grande bandeira do evento.
Luís Montenegro confessou, no entanto, que a Sala One Health foi um grande desafio: “Há tendência para romantizar o conceito e conseguir motivar as pessoas para o debate é difícil”. Contudo, manifestou-se orgulhoso por dar o exemplo e conseguir “tirar o assunto da gaveta”, com o objetivo de que este seja colocado na agenda sociopolítica.
* Leia o artigo completo sobre o evento na edição de novembro da Veterinária Atual