Bernardo Soares – UPPartner DVM / Animal Health Advisor
Nos dias que correm, temos vindo a assistir a um aumento de animais de companhia, não apenas em Portugal, mas também no mundo inteiro.
Este aumento significa várias coisas, mas uma delas é indubitável: a procura incessante do bem-estar e conforto, por parte dos tutores, dos seus animais. E como é que as pessoas se comportam para que isso aconteça?
Paralelamente a este crescimento que se verifica nos animais de companhia, tem-se vindo a registar – através da realização de vários estudos recentes – um aumento nas idas às consultas, na compra de bens essenciais e também de acessórios, como são o caso de brinquedos (cujo propósito pode ser o de puro entretenimento ou inclusive de estimulação cognitiva). Tudo isto, por forma a garantir que nada lhes falta e que a sua vida seja recheada de momentos positivos. Tal e qual queremos para nós próprios.
Ao mesmo tempo, existe também uma procura constante por informação credível para as várias questões – e que são muitas – que vão surgindo ao longo deste trajeto que percorremos em conjunto com os nossos fiéis amigos. Tal como acontece connosco quando temos dúvidas, a maioria de nós decide recorrer aos meios digitais que estão à mão de semear. No entanto, muitas das vezes, a informação que encontramos ou carece de credibilidade ou está incompleta, pelo que, tanto na medicina humana como na medicina veterinária, o correto a fazer é sempre consultar o nosso médico ou médico veterinário. São apenas estes que dispõem de toda a informação que necessitamos e que nos ajudarão a ultrapassar essas dúvidas.
A meu ver, o médico veterinário é alguém versátil, que se tenta superar a si mesmo diariamente e que não ergue obstáculos, mas sim propõe soluções em momentos de grandes dificuldades que implicam um elevado nível de adaptação. E tudo isto é feito em nome de uma das mais nobres causas, os animais. Contudo, não é esta a perceção geral das pessoas acerca desta profissão em Portugal, ao contrário do que vemos noutros países. E é aqui que entra a comunicação.
E eis que se levanta a questão nuclear: qual o papel que a comunicação pode ter na devida valorização da medicina veterinária?
São várias as possíveis respostas e todas elas válidas. A comunicação é uma ferramenta essencial em todos os aspetos da nossa vida. É ela que nos permite aportar e absorver conhecimento, trocar ideias, desmistificar certos aspetos, criar relações duradouras e – não menos importante – evitar conflitos. Sem uma comunicação adequada, tudo o resto permanece invisível aos olhos dos outros.
Um veterinário que trabalhe na área de marketing e comunicação é alguém que, para além dos conhecimentos técnico-científicos, possui também a capacidade de comunicar de forma clara, fluida e firme para qualquer audiência. Este profissional híbrido, apesar de ser algo pouco comum atualmente, é alguém que pode (e deve) ter um papel determinante na defesa da saúde de todos os animais, assim como na saúde pública, como por exemplo, no caso das doenças transmissíveis aos humanos e que tanto têm sido abordadas durante a atual pandemia – as zoonoses.
A sua função deve passar também pela formação dos médicos veterinários praticantes, para que estes sejam o mais esclarecedores possível quando comunicam com os seus clientes. Mas não fica por aí. Devem também “educar” os tutores, sob as mais variadas formas de comunicação de como procurar informação credível e reforçar o papel que o médico veterinário desempenha nestas situações. Além disso, é também importante perceber, através de uma constante análise, como se movimenta o mercado da saúde animal e o comportamento dos tutores. As grandes marcas, sejam elas de alimentação, de saúde ou de acessórios, devem também ser alvo desta análise de forma que a triangulação tutor-marca-veterinário se enquadre nas pretensões destes três grupos distintos. Restam-me cada vez menos dúvidas de que os médicos veterinários especialistas em comunicação e marketing terão um papel chave na justa valorização da medicina veterinária, assim como na maior satisfação de todos os tutores e na assertividade das marcas, na hora de elaborar produtos, cuja necessidade é sentida tanto por tutores, como por veterinários.
Na UPPartner, reconhecemos a importância fundamental que a saúde animal tem para todos. Prova disso foi a aposta nesta função específica. Esperemos que mais agências e médicos veterinários lhe sigam o exemplo, ajudando a solidificar esta ponte entre dois mundos muito distintos e que é ainda tão frágil.
*Bernardo Soares, UPPartner DVM / Animal Health Advisor
*Artigo de opinião publicado originalmente na edição n.º 154 da revista VETERINÁRIA ATUAL, de novembro de 2021.
