Alojar os coelhos aos pares ajuda a reduzir o stresse nestes animais, além de os ajudar a manterem-se quentes. As conclusões são do estudo Do rabbits need each other? Effects of single versus paired housing on rabbit body temperature and behaviour in a UK shelter, que foi realizado por investigadores do Royal Veterinary College (RVC), no Reino Unido.
Os autores do estudo compararam o bem-estar de 45 coelhos, 15 alojados individualmente e 15 alojados aos pares, e concluíram que o alojamento aos pares reduz os comportamentos relacionados com o stresse, além de ajudar os animais a manterem-se quentes durante o inverno.
A investigação foi realizada na instituição de proteção animal Rabbit Residence Rescue, localizada nas fronteiras de Hertfordshire/Cambridge.
As conclusões, publicadas na revista Animal Welfare e agora citadas no site MRCVS Online, sugerem que o alojamento aos pares evita que os coelhos mordam as barras da sua coelheira, aliviando o stresse, e que a temperatura corporal de coelhos sozinhos é significativamente mais baixa do que nos que se encontravam aos pares.
“Foi realmente triste descobrir que os coelhos solitários estavam muito mais frios do que os acompanhados e que mais de metade mordiam as barras das suas coelheiras”, explicou Charlotte Burn, professora associada de bem-estar animal e ciências comportamentais do RVC, citada pelo MRCVS Online.
“É crucial que levemos a sério as necessidades dos coelhos como companheiros. Existe uma cultura de ‘um coelho’ e isto precisa de mudar, o que significa que as lojas de animais, os veterinários e as instituições de caridade para o bem-estar dos animais devem aconselhar os proprietários a alojar os coelhos com um parceiro compatível. Parte do prazer de ter coelhos é certamente vê-los a brincar e a descansar juntos, especialmente quando lhes damos alojamentos suficientemente grandes”, acrescenta.
Os coelhos são naturalmente criaturas sociais, mas também são territoriais, pelo que os investigadores previam que os coelhos solitários teriam um comportamento mais stressante e uma temperatura corporal reduzida, mas acreditavam também que os “pares” poderiam ser agressivos um com o outro.
Tal, no entanto, não se veio a verificar: durante cerca de um terço do tempo, os pares interagiram socialmente, acasalaram ou “confortaram-se”, não tendo sido identificada qualquer agressão entre as duplas.
A equipa observou mordidelas nas barras da coelheira em oito dos quinze coelhos solitários, em comparação com nenhuma reação do género nos 30 coelhos emparelhados. Este comportamento tem sido associado à frustração destes animais e às tentativas de fuga.
Nos dias mais frios foi possível identificar uma diferença média de pelo menos 0,5 grau Celcius entre coelhos que estavam sozinhos e os coelhos aos pares. Os coelhos sozinhos adotavam posturas compactas com mais frequência e posturas relaxadas com menos frequência, o que sugeria que estariam a tentar manter-se quentes.
A compatibilidade de coelhos deve, porém, ser considerada, pois pode ser difícil conseguir “emparelhar” coelhos sem que se tornem agressivos ou tenham ninhadas indesejadas.