Familiaridade e proximidade. Estes são os princípios condutores da atividade do City Pets, que abriu portas oficialmente em fevereiro. Este centro de atendimento médico veterinário (CAMV) é o sonho de Ricardo Silva e Miguel Matos, que desejam conjugar a medicina veterinária de qualidade com um atendimento personalizado.
Abrir as portas de um consultório médico veterinário no momento atual não é fácil. São muitos os desafios, os entraves, e as barreiras de várias ordens. “O preço da construção disparou, as rendas estão no preço mais alto da história de Portugal e as pessoas vão passar por momentos de dificuldade. Só aqui, já temos um cocktail para dificultar tudo o resto”, reconhece Miguel Matos.
Ainda assim, os dois médicos veterinários não se deixaram atemorizar com o cenário criado pela pandemia causada pela covid-19, conjugado pelas consequências de uma guerra no leste da Europa, para construir o sonho profissional e dessa perseverança nasceu no início de 2023 o City Pets, em Matosinhos.
  “Acreditamos igualmente numa medicina veterinária moderna, atualizada e, acima de tudo, de excelente qualidade e por isso apoiamo-nos em consultas de especialidade sempre que a situação o exija.” – Miguel Matos, médico veterinário do City Pets
Para construir um centro de atendimento médico veterinário de raiz, como sucedeu com este, há que encontrar o local ideal, “o que requer estudo de mercado, investigação, avaliação no terreno, definir o perfil do cliente alvo e a verdade é que é cada vez mais difícil encontrar locais idílicos, uma vez que já não há zonas por explorar em Portugal”, explica Ricardo Silva à VETERINÁRIA ATUAL. No entanto, ter a possibilidade de estar presente, decidir o que fará parte da estrutura física, do pacote de serviços e poder ir vendo os pequenos desenvolvimentos e avanços no dia-a-dia até que o projeto se torne realidade “é a melhor parte e dá uma sensação de realização impagável. No fim, olhamos para trás, esquecemos tudo o que de mal aconteceu e enchemo-nos de esperança e vontade de servir todos os que depositam confiança em nós e nos dão o privilégio de cuidar dos seus animais”, conta o também diretor clínico do City Pets.
Um CAMV para os novos animais citadinos
Ricardo Silva sabia o que desejava para a vida profissional. Depois de se formar em 2013 na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e de ter feito o estágio final com Luís Chambel na VetOeiras, partiu para a Universidade Complutense de Madrid para complementar o esse estágio final e onde teve a oportunidade de fazer formação em Ortopedia e Traumatologia, suas áreas de interesse.
Regressou, trabalhou em duas clínicas no norte do País até que foi selecionado para trabalhar no Hospital Veterinário Ani Mar, fundado e dirigido por Miguel Matos, também ele formado em medicina veterinária pela UTAD. Além do hospital que fica situado na Póvoa do Varzim, o Grupo Ani Mar tem dois centros de atendimento em Fão e Esposende, onde Miguel Matos conjuga a gestão das várias unidades com a atividade profissional de clínica de pequenos animais, com especial interesse pela Cirurgia e Medicina Interna.
Na convivência diária, os dois médicos veterinários perceberam que estavam em sintonia e que a sua visão era muito similar. “Assim, resolvemos cruzar caminhos e desenvolver algo que nos orgulha e enaltece”, lembra o diretor clínico, que explica: “Tanto o Miguel como eu damos especial atenção aos pequenos detalhes, valorizamos o atendimento personalizado, a preocupação com os pacientes, entendemos que o caminho é fazer os tutores e os pacientes sentirem-se em casa, dando continuidade ao lema do grupo Ani Mar – “Cuidamos com carinho” – e, assim, o sonho de tornar o City Pets uma realidade foi ganhando corpo”.
“Pensamos e sentimos a City Pets como um médico de família onde gostamos de tratar o cliente pelo nome e saber de tudo o que o rodeia e que possa ajudar na prestação dos melhores cuidados de saúde e bem-estar.” – Ricardo Silva, diretor clínico do City Pets
A visão da “medicina veterinária, dos cuidados veterinários, no fundo, aquilo que é a ideia de uma clínica veterinária de proximidade” de Ricardo Silva teve acolhimento junto de Miguel Matos que acabou, então, por se tornar sócio neste projeto que está situado em Matosinhos.
Até o próprio nome do CAMV não surgiu por acaso e pretende refletir a mudança de paradigma no olhar da sociedade para com os animais de companhia que Miguel Matos e Ricardo Silva têm observado nestes anos que levam de profissão. Nas palavras do diretor clínico do City Pets, “hoje em dia as famílias que têm um animal de companhia já não os consideram meros animais, já não os vêem como as gerações anteriores os viam, vêem e sentem agora o animal de companhia como parte integrante da família”. Uma visão mais citadina dos animais de companhia que a medicina veterinária deve, na opinião de Ricardo Silva, seguir para “acompanhar estes novos city pets e nós queremos não só apenas fazer parte dessa mudança, mas estar na linha da frente dessa mudança”.
O médico de família do animal de companhia
De portas abertas há poucas semanas, a equipa ainda é pequena, mas tem apoios externos para responder às necessidades dos casos clínicos que lhes chegam. O rosto clínico é Ricardo Silva, que conta com o apoio de Miguel Matos, e é acompanhado por uma enfermeira veterinária e uma auxiliar veterinária em apoio constante.
Uma equipa de saúde pequena, mas que o diretor clínico assegura como uma aposta no contacto próximo com os tutores e animais de companhia. “Pensamos e sentimos a City Pets como um médico de família onde gostamos de tratar o cliente pelo nome e saber de tudo o que o rodeia e que possa ajudar na prestação dos melhores cuidados de saúde e bem-estar”, diz Ricardo Silva, sublinhando que o acolhimento no espaço é o espelho disso mesmo. “Procurámos que a receção fosse cómoda, confortável e aconchegante, como se fosse a sala de estar de nossa casa.”
Como equipa de saúde mais familiar, os serviços básicos de rotina – como a vacinação e a prevenção da doença – são os mais comuns na agenda de trabalho. Contudo, no City Pets “acreditamos igualmente numa medicina veterinária moderna, atualizada e, acima de tudo, de excelente qualidade e por isso apoiamo-nos em consultas de especialidade sempre que a situação o exija”, reforça Miguel Matos. E para satisfazer a essas necessidades que animais de companhia e tutores demandam do acompanhamento médico veterinário, o consultório possui serviços de diagnóstico – como ecografia ou ecocardiografia – e consultas de especialidade – nomeadamente Ortopedia, Oftalmologia, Dentisteria – e “se não conseguimos dar a melhor resposta, temos colegas especialistas veterinários que nos vêm dar apoio”, acrescenta Ricardo Silva.
O CAMV tem uma visão mais citadina dos animais de companhia que, na opinião de Ricardo Silva, a medicina veterinária deve seguir para acompanhar estes novos city pets. “Nós queremos não só apenas fazer parte dessa mudança, mas estar na linha da frente dessa mudança.”
É no âmbito da partilha de conhecimentos e de recursos que a parceria com o Hospital Veterinário Ani Mar é uma mais-valia, “uma vez que torna possível a partilha de meios complementares de diagnóstico e de informação com uma equipa de 36 pessoas repleta de excelentes profissionais”, frisa o diretor clínico, apontando o apoio dado nas várias áreas de especialidade médica e também na reabilitação de animais de companhia, com os serviços de fisioterapia e de acupuntura.
De momento, o City Pets tem licença para funcionar como consultório veterinário, mas, apesar de estar a funcionar há apenas algumas semanas, os dois sócios já têm uma visão de futuro e o objetivo de avançar em breve para o licenciamento enquanto clínica veterinária. Para isso, e respondendo também às necessidades sentidas na atividade clínica quotidiana, as instalações já possuem sala de cirurgia, sala de Raio X e salas de recobro para cão e gato separadas.
Carteira de serviços a pensar em todas as necessidades
Além da componente clínica nas instalações do consultório, a pequena equipa do City Pets presta também “todos os serviços de saúde e bem-estar” aos animais de companhia, frisa Ricardo Silva.
A pensar na comodidade dos tutores, e sobretudo no conforto dos animais de companhia, fazem serviços domiciliários, o que reduz a ansiedade e o stresse característicos das visitas ao médico veterinário. Na comodidade do lar, ambiente que conhecem e lhes é familiar, os animais ficam mais calmos e torna-se mais fácil a manipulação e a eventual administração de terapêutica ou de vacinas.
Nas instalações do consultório são também disponibilizados serviços de higiene, de pet sitting e treino comportamental.
Mas “algo que nos orgulha imenso é termos um exemplar hotel para gatos”, salienta Ricardo Silva, um espaço desenhado à medida das necessidade e gostos dos felídeos e onde não faltam brinquedos e arranhadores.
*Artigo publicado na edição 169 da VETERINÁRIA ATUAL, de março de 2023.