Os investigadores de quatro universidades afirmaram ter feito um avanço significativo na compreensão do carcinoma de células escamosas ou espinocelular, um tipo de cancro comum em cavalos.
Este carcinoma pode afetar os órgãos genitais, os olhos ou a pele à volta dos olhos dos cavalos, e os tumores têm tipicamente um prognóstico reservado a mau. A terapia apresenta resultados variáveis e em muitos casos recorre-se à eutanásia, por razões de bem-estar.
A investigação envolveu cientistas da Royal Veterinary College, King’s College London, Universidade de Edimburgo e da University College de Londres (UCL), que publicaram um estudo no qual utilizaram a avaliação histopatológica anatómica “clássica” e a inteligência artificial para demonstrar uma correlação entre inflamação crónica, infeção por papilomavírus equino e progressão do carcinoma do pénis equino. Os resultados obtidos permitirão a melhor compreensão e tratamento do cancro.
Estudos anteriores de Alejandro Suárez-Bonnet e Simon Priestnall mostraram que o carcinoma de células escamosas equino que afeta o pénis adquire frequentemente a capacidade de degradar a “matriz extracelular” e de se tornar muito mais agressivo em termos biológicos. Este é um processo conhecido como “transição epitelial para mesenquimal”.
“O carcinoma de células escamosas equino é o segundo tipo de cancro mais comum nos cavalos, com um prognóstico variável, por isso estamos satisfeitos por ter feito este avanço, que proporciona uma maior compreensão e pode levar a tratamentos mais eficazes para os cavalos e seus proprietários”, explicou Priestnall, professor de anatomia patológica veterinária no Royal Veterinary College, à publicação Vet Times.
Na última edição das Jornadas Hospital Veterinário Muralhas de Évora, que decorreu no início de março nesta cidade alentejana, o médico veterinário e professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, Luís Lamas, abordou os tumores de pele em equinos na sua apresentação, entre os quais o carcinoma de células escamosas ou espinocelular. Perante uma sala composta, o médico veterinário salientou que este é um dos cancros “mais feios” e que tradicionalmente “assusta as pessoas”. Segundo Luís Lamas, “por definição aparece nas junções mucocutâneas” e há ainda que evitar confundi-lo com “lesões de verão”.
Com uma vasta experiência na remoção de tumores em equinos, o médico veterinário concluiu a sua apresentação deixando o conselho de que a solução para a maioria dos tumores de pele em equinos “não é a gestão, é a remoção”.