A organização Animal Save and Care Portugal criticou o método de captura de pombos urbanos levada a cabo pela equipa da Higiene Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, tendo divulgado, através das redes sociais, um vídeo captado na Praça das Flores, avança o Público.
Em comunicado, a associação afirma que “é possível ver o sofrimento e aflição dos pombos, o stress que lhe está a causar, as suas tentativas vãs de se soltarem, assim como a indiferença dos trabalhadores e autoridades para com estes animais, referindo-se ao procedimento como ‘tratamento de pragas’”.
No vídeo é possível ver a equipa, acompanhada por um agente da Polícia Municipal, a atrair pombos com milho, lançando-lhes depois uma rede para cima. O responsável pela filmagem inicia um diálogo com o agente, que afirma que, depois da captura, os pombos serão soltos noutro local longe de Lisboa e que a forma como estão a ser apanhados não os magoa e é rápida: “Isto está tudo bem tratado. Aqui ninguém sofre”, ouve-se.
A organização acusa: “Sabemos que não é permitido soltar pombos de cidade noutros locais, que os pombos já serviram/servem de alimento vivo aos animais no Jardim Zoológico de Lisboa, e que têm sido mortos por envenenamento e/ou gaseamento”.
Comentário da provedora dos animais de Lisboa
Na visão da provedora dos animais de Lisboa, Marisa Quaresma dos Reis, “quem proclama estas medidas, não pode continuar a agir desta forma”. A provedora diz que as denúncias de capturas deste género não são novidade e este vídeo apenas o confirma. No entanto, “este caso é mais grave porque temos alguém da CML e da Polícia a dizer coisas que não são verdadeiras”, o que mostra um profundo “desconhecimento do que são pombos e quais as práticas corretas”.
Face ao vídeo, a provedora dos animais contactou a Câmara Municipal de Lisboa e a Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV), para que voltem a analisar os métodos de captura que são postos em prática. Marisa Quaresma dos Reis confessa que, face à desvalorização constante da CML em relação aos seus vários contactos, cada vez é mais claro que “o cargo de provedor é decorativo”, uma vez que “apesar de todos os esforços, quem está no poder continuar sem dar ouvidos”. O jornal Público tentou questionar a autarquia, mas não obteve respostas.
Em junho, o PAN denunciou o desaparecimento de mais de 7000 pombos em Lisboa. A autarquia afirma que a sua captura tem como propósito realizar avaliações do estado sanitário dos animais. No entanto, não há registos ou resultados apresentados.