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Veterinários Portugueses pelo Mundo

Há uma veterinária portuguesa na lista de praticantes avançados em cirurgia no Reino Unido

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Em 2017 entrevistámos Margarida Correia Dias no âmbito da rubrica Veterinários Portugueses pelo Mundo. A médica veterinária que elegeu a cirurgia de animais de companhia como área de eleição conseguiu agora, a poucos dias de completar 30 anos, ser incluída na lista de praticantes avançados em cirurgia do Royal College of Veterinary Surgeons no Reino Unido.

Esta lista, que conta com cerca de 300 veterinários, é essencialmente constituída por médicos veterinários ingleses e, segundo Margarida Correia Dias, “trabalha-se muito para desafiar limites e destronar impossíveis”.

 

O ano passado, as saudades “da luz e alegria tão portuguesas” levaram Margarida Correia Dias a regressar a Portugal. “As saudades da família e dos amigos foram o principal motor desta mudança numa fase em que profissionalmente tinha alcançado um nível bastante confortável em Inglaterra. A decisão de abandonar o Reino Unido foi ponderada durante alguns meses, tendo neste período recebido diferentes propostas por parte do hospital inglês onde trabalhava para me motivar a permanecer”.

 

Acabou por regressar a Portugal em setembro de 2018, “após ter trabalhado como médica veterinária no Reino Unido durante mais de quatro anos. Vivi apenas durante quatro meses em Portugal, durante os quais tive a oportunidade de colaborar com dois hospitais privados na região do centro de Lisboa. Creio que a transição Reino Unido – Portugal foi bastante facilitada por ter tido a oportunidade de trabalhar em instituições de referência, onde os seus profissionais fazem questão de manter um contacto com o mundo exterior e investir continuamente na sua formação”.

Escasso recurso a enfermeiros veterinários

 

Contudo, nem tudo correu como o planeado. “Numa área tão técnica como é a cirurgia não consegui compreender o escasso recurso a enfermeiros veterinários em Portugal. Na organização do meu dia em Inglaterra sou maioritariamente convidada a tomar decisões que são posteriormente executadas por enfermeiros veterinários. Por oposição, senti que em Portugal a figura do enfermeiro veterinário é desvalorizada e bastante subutilizada. Creio que este será um aspeto chave a rever, de forma a tornar possível a otimização de recursos no nosso país”.

A decisão de regressar ao Reino Unido

 

Segundo Margarida Correia Dias, esta foi “das decisões mais difíceis de tomar, contudo senti que necessitava concluir o processo de ‘especialização’ em cirurgia para o qual tanto tinha trabalhado. Assegurei em Inglaterra um contrato com condições, a meu ver, bastante interessantes – onde apenas trabalho duas semanas por mês – para poder continuar a estudar no restante tempo livre e para que possa estar disponível para aceitar convites de colaboração de colegas veterinários em Portugal, nomeadamente na área de cirurgia”.

Atualmente, a médica veterinária reúne com frequência com colegas portugueses, “com quem estudo e partilho experiências profissionais. Faço questão de manter esta ‘ponte’ pois tenho ainda muito a aprender”.

“As medalhas ganham-se nos treinos. Às competições só vamos buscá-las” 

O Royal College of Veterinary Surgeons seleciona médicos veterinários que demonstrem possuir conhecimentos acima da média em determinada disciplina para integrar uma lista de ‘advanced practitioners’, de forma a estabelecer uma ponte entre atendimento veterinário de primeira opinião e hospitais de referência. “Esta lista é pública e após a atribuição deste título, a avaliação por parte do Royal College é contínua”, explica Margarida Correia Dias.

Para integrar a lista de praticantes avançados em cirurgia de animais de companhia “tive que obter aprovação num certificado europeu de dois anos em cirurgia veterinária, fui submetida a diversas avaliações práticas, um exame teórico final, fui convidada a intervir em múltiplos ‘journal clubs’ em ambiente universitário, bem como a submeter inúmeros casos clínicos e artigos científicos”.

Para a jovem médica veterinária, “quando uma instituição mundialmente reconhecida, como é o Royal College of Veterinary Surgeons, distingue o mérito individual dificilmente se consegue esconder o orgulho. Representa, logicamente, uma responsabilidade acrescida perante os meus pacientes, colegas e perante mim própria, para a qual quero estar preparada”.

Apesar de reconhecer que esta distinção pode abrir novas oportunidades, não perde demasiado tempo a pensar sobre isso. “A carreira nunca será a minha prioridade. Faço o que amo, não sei – nem quero – entregar apenas metade de mim a nenhum projeto. Uma das citações com que sempre me identifiquei refere: “As medalhas ganham-se nos treinos. Às competições só vamos buscá-las.”

E esta é totalmente a sua filosofia. “Qualquer forma de reconhecimento só pode ser encarada como uma consequência muito positiva (mas nem sempre presente) do esforço que devemos colocar em tudo a que nos entregamos. E, felizmente, o meu trabalho é reconhecido diariamente. Quer seja por apreciações de colegas, por agradecimentos de clientes, lambidelas de pacientes ou palavras de apoio de família e amigos”.

E continua com um sonho: “ser pessoal e profissionalmente realizada e fazer felizes aqueles que mais amo”.

 

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