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Comportamento na medicina veterinária: onde estão os veterinários seniores?

Comportamento na medicina veterinária: onde estão os veterinários séniores?

Um breve olhar pela plateia presente no passado dia 11 de novembro no seminário ‘No Stress Clinic’, promovido pelo Centro para o Conhecimento Animal, em Lisboa, deu para perceber que os jovens médicos veterinários e enfermeiros veterinários estavam em maioria. A classe mais jovem aceitou o convite do CPCA para discutir temáticas relacionadas com o comportamento na clínica veterinária.

E os médicos veterinários mais experientes, não se interessam por questões relacionadas com o comportamento animal na clínica? “Não podemos dizer que os médicos veterinários mais velhos não se interessam por estas temáticas, até porque alguns mostram bastante interesse e são muito proactivos, mas possivelmente há uma maior consciência dos profissionais mais jovens para estas questões. Acho que é mais fácil para pessoas que não estejam há tanto tempo na profissão fazer as mudanças necessárias”. A reflexão é de Helen Zulch, especialista em Medicina Comportamental, que deu início ao seminário com um conjunto de dicas práticas para a rotina diária em Animal Friendly Clinic.

Comportamento na medicina veterinária: onde estão os veterinários séniores?

Sara Fragoso e Gonçalo da Graça Pereira do Centro para o Conhecimento Animal

A médica veterinária começou por dizer que cães e gatos não gostam de visitas à clínica veterinária, pelo que os médicos veterinários têm de ter tudo preparado para que a consulta decorra segundo o que foi planeado, “sem esquecer um plano B para o caso de ser necessário”.

As temáticas comportamentais estão cada vez mais na ordem do dia e para Helen Zulch todos os tutores julgam que são “especialistas em comportamento porque leram alguma coisa na Internet. É importante a clínica dispor de uma mensagem uniforme para transmitir aos tutores, para que um médico veterinário não diga uma coisa e o colega outra completamente diferente”.

Salas de espera adequadas

Helen Zulch referiu ainda a importância de ter as salas de espera preparadas para receber cães e gatos e para que o momento em que estão a aguardar pela consulta não aumente o stresse dos animais. “Se reduzirmos o stresse na sala de espera vai ser mais fácil lidar com o animal na consulta. Devemos evitar salas com as cadeiras todas juntas, sem bloqueios visuais. Espaços separados por barreiras físicas ajudam a acalmar o stresse nos animais e o simples facto de ter um armário com prateleiras, para colocar as transportadoras dos gatos, é uma forma simples de diminuir o stresse, pois ficam mais altos”.

Já durante a consulta, a médica veterinária também deixou algumas dicas para minimizar o stresse, principalmente em gatos. “Devemos aconselhar as transportadoras com abertura por cima e examinar o animal na transportadora, caso este não queira sair para o exterior. Desta forma não temos de puxar o gato para fora, o que pode aumentar o nível de stresse”.

Helen Zulch sublinhou a importância de consciencializar os tutores para ensinar os animais a cooperar com o médico veterinário na consulta, para facilitar a tarefa de examinar o animal.

Será que o stresse influencia o diagnóstico?

Uma das ideias de Helen Zulch para motivar todos os médicos veterinários para a importância da medicina comportamental passa por organizar seminários que incluam temas generalistas e temas ligados ao comportamento. “Por exemplo, um seminário de ortopedia que tivesse uma palestra de comportamento aplicado a essa área, como problemas comportamentais em animais com dor ou mesmo management em pacientes em pré e pós-operatório. Penso que seria uma forma de motivar mais profissionais para estas questões e chegar a uma plateia mais diferenciada”.

Comportamento na medicina veterinária: onde estão os veterinários séniores?

Rodolfo Oliveira Leal

A palestra de Rodolfo Oliveira Leal sobre como o stresse pode influenciar o diagnóstico vai neste sentido, já que o médico veterinário referiu que “o stresse é comum a todas as áreas e não deve ser ignorado. Ainda assim é pouco incluído nas listas de diagnósticos diferenciais”. O médico veterinário analisou a influência do stresse nos exames complementares de diagnóstico e de que forma afeta todos os exames que são feitos na clínica.

Coube a Sara Fragoso, bióloga e fundadora do CPCA, analisar o stresse nas viagens e como lidar com o regresso a casa, sendo que a parte da tarde incluiu uma demonstração prática de exercícios de treino aplicados à consulta, pela treinadora Eduarda Pires.

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